Ministro de Angela Merkel diz que o islão “não pertence à Alemanha”
A chanceler já respondeu, dizendo que os quatro milhões de muçulmanos no país, “e também a sua religião, o islão”, pertencem à Alemanha.
O ministro da Administração Interna alemão, Horst Seehofer, disse esta sexta-feira, numa entrevista ao jornal Bild, que “o islão não faz parte da Alemanha”, provocando uma resposta da sua chanceler, Angela Merkel.
Apesar de ser líder do parceiro de coligação do partido de Merkel, e de integrar o novo Governo, Seehofer é um forte crítico das políticas de imigração defendidas pela chanceler alemã.
Na entrevista ao tablóide, o ministro disse que a Alemanha foi “enformada pelo cristianismo”. Indo ainda mais longe do que se esperava da sua oposição às políticas de imigração, estas declarações estão a ser vistas como uma tentativa de atrair para o seu partido os eleitores que se aproximaram da Alternativa para a Alemanha (AfD), da extrema-direita.
“É claro que os muçulmanos que vivem entre nós fazem parte da Alemanha, mas também é claro que isso não significa que devamos abandonar as nossas tradições e os nossos costumes por causa de um falso respeito pelos outros. Os muçulmanos têm de viver connosco, e não ao nosso lado ou contra nós”, disse o ministro da Administração Interna da Alemanha. Na mesma entrevista, Seehofer reafirmou que vai trabalhar para aumentar o número de deportações e para reduzir as autorizações de asilo.
Estas declarações de Horst Seehofer entram em choque com a posição da chanceler, Angela Merkel, que em 2015 – no auge da crise de imigração na Europa – fez questão de afirmar que o islão tem o seu lugar na Alemanha.
Esta sexta-feira, em reacção às palavras do seu ministro, a chanceler voltou a frisar que o islão “pertence à Alemanha”.
“O nosso país é muito influenciado pelo cristianismo – e também pelo judaísmo –, mas há quatro milhões de muçulmanos a viver na Alemanha, que também praticam aqui a sua religião. Estes muçulmanos pertencem à Alemanha, e também a sua religião, o islão, pertence à Alemanha.”
O debate sobre a imigração radicalizou-se durante o Verão de 2015, quando mais de um milhão de pessoas entraram no país depois de o Governo de Angela Merkel ter aberto as portas para receber sírios em busca de asilo. A contestação a essa atitude contribuiu para o crescimento da extrema-direita, através do AfD, que entrou no Parlamento alemão pela primeira vez.