Vieira da Silva garante que visita a IPSS na Suécia nada teve que ver com Raríssimas
Página da Raríssimas no Facebook mostra ministro em instituição sueca, numa visita onde esteve também a presidente Paula Brito e Costa.
A página do Facebook da Raríssimas, que esteve “desligada” depois do escândalo provocado pela reportagem da TVI, onde a sua presidente é acusada de ter usado dinheiro da instituição em proveito próprio, mostra o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, numa visita a uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) de Gotemburgo. Na publicação colocada na página lê-se que o ministro está “acompanhado pela presidente da Raríssimas, Paula Brito e Costa" e que "teve oportunidade de ver o modelo sueco de intervenção em crianças com doenças raras”.
Segundo adiantou o gabinete do ministro ao PÚBLICO, a visita ao Agrenska enquadrou-se na presença de Vieira da Silva naquele país, onde o governante se deslocara para participar num evento preparatório da Cimeira Social Para o Crescimento Justo e o Emprego, promovida pela Comissão Europeia.
Viera da Silva acedeu, nesse contexto, ao convite que lhe foi dirigido por aquele centro de referência sueco para as doenças raras para que visitasse as instalações do mesmo, na manhã do dia 16 de Novembro, onde, então sim, se terá cruzado com Paula Brito e Costa, explica ainda o gabinete.
“O senhor ministro fez-se acompanhar, apenas, por uma adjunta do seu gabinete”, esclarece, numa nota em que confirma a presença da presidente da Raríssimas naquele centro, sem, contudo, integrar a comitiva governamental portuguesa. “Terá sido convidada directamente pela Agrenska”, admite.
Esta visita ocorreu já depois de Vieira da Silva ter recebido várias denúncias a apontar irregularidades nas contas da Raríssimas, onde foi vice-presidente da Assembleia Geral, entre 2013 e 2015.
Segundo o Facebook da Raríssimas, no Agrenska, um centro nacional sueco sem fins lucrativos que apoia crianças, jovens e adultos com doenças raras, uma espécie de congénere da Casa dos Marcos, ministro e Paula Brito e Costa “tiveram oportunidade de partilhar experiências e de experimentar um projecto único de realidade virtual adaptado às pessoas com doenças raras”.
Num outro post da mesma página, que foi entretanto reactivada, a Raríssimas explica que a visita ocorreu “na sequência das relações diplomáticas entre as duas instituições que representam as doenças raras em Portugal e na Suécia” e tinha na agenda “a cooperação entre os dois países em matéria de políticas de doenças raras e novos modelos assistenciais de apoios aos doentes e seus familiares”.
Viagem paga pelo ministério
Os custos associados a viagens, estadias e refeições do ministro e respectiva adjunta “foram suportados pelo gabinete, tal como legalmente previsto no quadro das visitas em representação oficial”, acrescenta a nota do gabinete de Vieira da Silva.
Trata-se da mesma instituição por onde, em Setembro de 2016, passara também a mulher do ministro, a deputada do PS Sónia Fertuzinhos, numa viagem paga pela Raríssimas, a qual, segundo explicou a deputada, foi posteriormente reembolsada pela entidade organizadora da conferência que lá decorreu e que justificou a deslocação.
Esta manhã, Vieira da Silva reiterou que a inspecção global urgente por si ordenada à Raríssimas irá esclarecer em breve todas as dúvidas sobre o alegado desvio de fundos da instituição. “Se houve alguma falha ou não, creio que isso ficará claro. A equipa da Inspecção-Geral do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social já está no terreno”, afirmou o ministro.
Sem adiantar uma data para a conclusão do inquérito, o governante disse estar de “consciência tranquila” e disponível para prestar esclarecimentos no Parlamento. E reafirmou que, enquanto esteve no cargo de vice-presidente da Assembleia-Geral, nunca lhe chegaram ecos de quaisquer dúvidas sobre as contas da associação.
“As contas da Raríssimas eram aprovadas na Assembleia-Geral e, desse ponto de vista, tinha conhecimento. Mas, reafirmo, ninguém durante essas reuniões levantou alguma dúvida ao trabalho expresso nas contas da associação. Nunca tive conhecimento de qualquer dúvida sobre as contas", asseverou, para acrescentar: "Obviamente que se isso tivesse acontecido teria, naturalmente, agido em conformidade."
Por último, Vieira da Silva insistiu que desconhecia qualquer denúncia de gestão danosa na Raríssimas até à data da emissão da reportagem da TVI, no último sábado. “As cartas do tesoureiro que foram dirigidas ao ministério foram enviadas para os serviços competentes da Segurança Social. Se essa acção foi suficiente ou não, adequada ou não, teremos conhecimento na inspecção no nível mais elevado."