China suspende importação de carvão da Coreia do Norte até ao fim do ano
Medida é um grande revés para Pyongyang, que tem grande dependência das exportações para a China.
A China decidiu suspender todas as importações de carvão da Coreia do Norte até ao fim do ano, disse o Ministério do Comércio num aviso divulgado este sábado. Esta é uma medida surpreendente que pode cortar uma das principais fontes de rendimento do regime de Pyongyang e aumentar significativamente a eficácia das sanções aprovadas pela ONU.
O carvão é o produto mais exportado pela Coreia do Norte. A China não referiu as razões para a suspensão, mas Pequim terá ficado profundamente frustrado com a Coreia do Norte por causa do teste balístico recente e o homicídio do meio-irmão de Kim Jong-un na Malásia.
Pequim tem sido igualmente objecto de pressão internacional crescente para adoptar medidas para controlar os programas nuclear e balístico do seu aliado.
Apesar de ter garantido em Abril que iria proibir importações de carvão da Coreia do Norte – o seu quarto maior fornecedor – a China continuava a abrir excepções para algumas entregas, com o objectivo de preservar o “bem-estar do povo”, que não estivessem relacionadas com programa de armamento do país.
Na prática, essas excepções eram uma cobertura para a continuação de um fluxo fronteiriço de grandes quantidades de carvão, com a subida de 14,5% na importação de carvão não-linhito para 22,5 milhões de toneladas métricas, de acordo com a Reuters.
Num sinal de que a paciência de Pequim estava próxima de se esgotar, foi rejeitado um envio da Coreia do Norte no valor de um milhão de dólares na segunda-feira, um dia depois do teste do míssil de alcance médio, segundo a agência sul-coreana Yonhap.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, pediu à China para exercer mais pressão sobre a Coreia do Norte para travar o seu programa de armamento nuclear, e o assunto terá sido abordado durante uma conversa telefónica que manteve com o Presidente chinês, Xi Jinping, no início do mês.
O Conselho de Segurança da ONU condenou o mais recente teste balístico da Coreia do Norte e apelou aos seus membros para um “redobrar de esforços” para aplicar as sanções. Esse apelo surgiu após uma reunião de urgência em Nova Iorque, pedida pelos EUA, Japão e Coreia do Sul.
A China também terá ficado frustrada pela morte de Kim Jong-nam na Malásia esta semana. Se a Coreia do Norte foi responsável, isso seria encarado como uma afronta por Pequim, que acolheu e protegeu o meio-irmão do líder norte-coreano durante vários anos.
PÚBLICO/The Washington Post