Arábia Saudita condena à morte 15 alegados espiões pró-iranianos
Decisão da justiça saudita pode agravar as tensões entre os governos de Riad e Teerão, que cortaram relações diplomáticas há um ano.
Um tribunal saudita condenou esta terça-feira à morte 15 pessoas acusadas de espionagem a favor do Irão, uma decisão susceptível de reavivar as tensões entre Riad e Teerão, duas potências regionais que romperam relações diplomáticas há cerca de um ano, quando a Arábia Saudita executou o líder religioso xiita Nimr al-Nimr, acusado de terrorismo, e as suas representações no Irão foram atacadas por manifestantes.
O Irão já considerou “infundadas” as acusações que pesam sobre estas 15 pessoas e o porta-voz da diplomacia iraniana, Bahram Ghasemi, acusou Riad de querer “aumentar as tensões na região”.
Segundo uma fonte da AFP, os 15 condenados são cidadãos sauditas e a maior parte deles pertence à minoria xiita. Foram considerados culpados de “alta traição”, ao passo que outros 15 acusados no mesmo processo receberam penas de seis meses a 25 anos de prisão, e ainda mais dois foram absolvidos.
A AFP conseguiu ainda saber que o processo envolveu um afegão e um iraniano, mas aparentemente nenhum deles foi condenado à morte, e que os dois absolvidos são um saudita e um estrangeiro cuja nacionalidade não foi divulgada.
Instaurado em Fevereiro, no auge da crise diplomática com o Irão, este é um processo “viciado desde o início”, disse à AFP um investigador da organização Human Rights Watch, Adam Coogle.
O corte de relações partiu da Arábia Saudita, mas a sua origem directa foi a execução de Nimr al-Nimr, visto como o grande ideólogo dos protestos de 2011 contra a discriminação da minoria xiita do país.
Segundo a imprensa saudita, os membros do grupo julgado em Riad eram acusados de colaborar com os serviços de informações iranianos, de terem divulgado segredos militares, planeado acções de sabotagem e tentado recrutar agentes na administração pública. Segundo a acusação, alguns deles ter-se-iam mesmo encontrado com o ayatollah Ali Khamenei.
Adam Coogle afirma que os acusados não tiveram acesso a advogados durante os interrogatórios e denuncia os “veredictos decididos à partida”.