O grande salto em frente

Os investimentos milionários em jogadores e em grandes clubes europeus.

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FOTO: VCG/VCG/Getty Images

Com 1382 milhões de habitantes, a República Popular da China é o país mais populoso do mundo, mas está bem longe do topo na hierarquia do futebol mundial. No ranking FIFA, a China é apenas 78.º e oitavo entre os países asiáticos, apenas com uma qualificação para uma fase final de um Mundial, em 2002, facilitada por este torneio ser organizado por dois países asiáticos (Japão e Coreia do Sul). Mas há um plano em marcha para a China dar o grande salto em frente no futebol. E esse plano também passa por grandes investimentos em grandes clubes do futebol europeu.

Já não são só os grandes clubes a procurar activamente o lucrativo mercado asiático para aumentar as suas receitas, em merchandising, patrocínios e transmissões televisivas. Agora são também as empresas chinesas, com apoio do Governo chinês, a entrar directamente nos clubes, com especial incidência na Premier League inglesa, na Série A italiana, na Liga Espanhola e na Liga Francesa – na Bundesliga alemã, por causa da regra dos “50+1”, é impossível que um investidor milionário assuma o controlo de um clube.

No “calcio”, os dois maiores clubes de Milão, Inter e AC Milan, já são maioritariamente de empresas chinesas. Em Junho passado, a Suning Holdings comprou 70 por cento dos “nerazzurri” por 307 milhões de euros, enquanto em Agosto passado Silvio Berlusconi desfez-se do AC Milan por 520 milhões a um fundo de investimento chinês, que pagou ainda mais 220 milhões para limpar o clube de dívidas. O controlo do Palermo, também da Série A, está perto de passar para o controlo de uma empresa chinesa por um valor a rondar os 200 milhões de euros.

Na Premier League, o Manchester City já tem uma participação minoritária de capital chinês (13 por cento por 297 milhões de euros), enquanto o West Bromwich Albion já é controlado por chineses (196 milhões de libras), estando quase a acontecer o mesmo ao Hull City. No Championship, Aston Villa (67 milhões) e Wolverhampton (50 milhões) também são controlados por grupos chineses. Em França, o Lyon teve um investimento chinês recente de 100 milhões de euros por 20 por cento do capital social. Em Espanha, 20 por cento do Atlético Madrid pertencem ao milionário chinês Wang Jianlin (45 milhões).

Para além do controlo de alguns clubes europeus e acordos de patrocínios, o investimento chinês no futebol europeu surge ainda na forma de contratações milionárias de jogadores. No mercado de transferências do último Verão, o antigo avançado do FC Porto Hulk foi do Zenit de São Petersburgo para o Shangai SIPG por 55,8 milhões, a terceira maior transferência do defeso, atrás de Paul Pogba (105 milhões) e Gonzalo Higuaín (90 milhões). No início de 2016, dois negócios da China destacaram-se, a transferência do colombiano Jackson Martínez do Atlético Madrid para o Guangzhou Evergrande por 42 milhões de euros, e a do brasileiro Alex Teixeira, do Shakhtar Donetsk para o Jiangsu Suning por 50 milhões.

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