Expansão do metro em Lisboa deverá ligar Rato ao Cais do Sodré

Cenário mais "trabalhado" passa pela abertura de estações na Estrela e em Santos. Presidente da empresa garante solução definitiva para bilhetes em Novembro e assegura que as composições estarão operacionais até final do ano.

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Tiago Farias está à frente da Transportes de Lisboa desde oinício deste ano Miguel Manso

A expansão da rede do metro em Lisboa, considerada uma prioridade pelo Governo, deverá passar pela ligação entre a linha que hoje termina no Rato (amarela) e a que acaba no Cais do Sodré (verde), com o surgimento de duas novas estações – Estrela e Santos. Este foi um dos cenários estudados pela administração da Metro de Lisboa e, no entender do presidente da empresa, deverá ser essa a opção que o Executivo tomará, uma vez que dá mais robustez e coerência a uma rede que se quer estruturante.

O fecho do anel que liga a linha amarela à linha verde foi o cenário “mais trabalhado, mais debatido” com o Ministério do Ambiente, com base nos anteprojectos apresentados pela administração e que incluíam ainda análises à expansão da linha vermelha até Campo de Ourique, avançou ao PÚBLICO Tiago Farias. O gestor, que está à frente da Transportes de Lisboa (Metro de Lisboa, Carris e Transtejo) desde o início deste ano, salvaguardou que a decisão final caberá sempre ao executivo, mas deixou transparecer que já há, de facto, uma maior tendência para esta solução. “A ideia que tenho é que esse será o caminho da decisão”, afirmou.

O responsável relembrou que a orientação do Governo sempre foi no sentido de fazer crescer a rede “para dentro e não para fora”, daí que as análises tenham sempre aprofundado mais a consistência que pode ser dada à malha que hoje já existe. “O fecho do anel [entre o Rato e o Cais do Sodré] é entendido como uma forma de criar robustez”, num momento em que é preciso consolidar o estatuto do metro como “uma rede estruturante” em Lisboa, capaz de alimentar outros modos de transporte, sejam os barcos, os comboios ou os autocarros.

Tiago Farias clarificou que não terá a palavra final. “A decisão cabe exclusivamente ao Governo”, frisou, remetendo mais informações para a tutela de Matos Fernandes. Neste momento, desconhece-se quando irá o executivo anunciar a decisão, embora já em Maio o primeiro-ministro tenha admitido que o fecho da linha amarela era uma prioridade.

Mais veículos eléctricos

Outro tema que está a ser trabalhado pelo Ministério do Ambiente é uma candidatura a fundos comunitários para renovar e dar eficiência ambiental a uma parte substancial da frota da Carris, que hoje conta com cerca de 600 autocarros (dos quais apenas 40 a gás natural). O presidente da Transportes de Lisboa adiantou que esse passo deverá ser dado “em breve”, estando em cima da mesa a compra de perto de 250 veículos ao longo de três anos, incluindo eléctricos – embora apenas uma pequena parte. Tiago Farias estima que a renovação signifique um investimento aproximado de 50 milhões de euros.

A Carris vai, aliás, começar a testar o primeiro veículo eléctrico “na segunda quinzena de Outubro”. As aquisições de frota vão depender desta experiência, que, ao longo de dois a três meses, permitirá concluir que adaptabilidade existe à rede ou que ganhos conseguem ser obtidos.

Neste momento, porém, o maior desafio que se impõe ao grupo está no metropolitano, que tem sido alvo de queixas por causa da falta de bilhetes e das interrupções na circulação. No que diz respeito ao primeiro tema, o responsável garantiu que, além de terem aberto balcões de atendimento em todas as estações e um adicional no aeroporto, em Novembro já estará disponível a tecnologia que permitirá ler outro tipo de cartões que não os que são usados agora pelos clientes. A diferença é que a empresa que os fornece (a OTLIS) poderá produzi-los em fábricas diferentes, o que contornará as dificuldades de stock que causaram as perturbações.

Sobre a fiabilidade da operação, o gestor explicou que está em curso um programa para que, “até ao final de Novembro ou início de Dezembro”, esteja concluída a manutenção das composições que tiveram de parar e que são necessárias para garantir que não há falhas no serviço. “O metro tem 111 composições, precisa de 90 para funcionar em pleno e tem 20 paradas”, referiu. Outro objectivo é assegurar que a empresa tem ao seu dispor todos os componentes de que necessita para fazer face a estas situações.

Um dos aspectos com que o responsável justifica os problemas no metropolitano é a escassez de recursos humanos. Ao PÚBLICO, esclareceu que, desde 2011, saíram mais de mil pessoas das três empresas do grupo e que, neste momento, há já autorização do Ministério das Finanças para contratar 30 agentes de tráfego para a Metro de Lisboa, aguardando-se por luz verde para a entrada de 40 trabalhadores na Carris e outros dez na Transtejo. Entre Janeiro e Julho, a procura global nas três transportadoras públicas cresceu 2%, embora nos autocarros tenha caído 4%.

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