Corpos à vista perto de vala comum em Moçambique

Agência Lusa viu cadáveres perto do local onde autoridades negam que exista vala comum.

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Imagem de arquivo da região da Gorongosa REUTERS/Grant Lee Neuenburg

Pelo menos 15 cadáveres estão visíveis na região da Gorongosa, Moçambique, onde camponeses denunciaram a existência de uma vala comum. Os corpos foram vistos por um pequeno grupo de jornalistas, noticia a agência Lusa.

A existência da vala comum, denunciada na quarta-feira, foi desmentida pelas autoridades moçambicanas, mas a polícia continua a investigar. E o local (zona 76, entre Muare e Tropa, no posto administrativo de Canda, distrito da Gorongosa) está a ser vigiado por militares, pelo que os jornalistas não puderam lá chegar.

Segundo a Lusa, no entanto, há 15 corpos visíveis perto do local onde os camponeses dizem que há uma vala comum: quatro numa pequena savana a cerca de 200 metros do cruzamento de Macossa, e os outros debaixo de uma ponte próxima da Estrada Nacional 1, a principal estrada de Moçambique.

Os corpos são de homens e mulheres jovens, alguns dos quais estão sem roupas.

Na quarta-feira, um grupo de camponeses relatou a descoberta de uma vala comum com cerca de 120 corpos, numa zona controlada pela Renamo e próxima de uma mina ilegal de extracção de ouro. As testemunhas disseram que os corpos estavam numa antiga escavação a céu aberto, que era usada para a extracção de saibro – uma areia grossa destinada às obras de reabilitação da principal estrada de Moçambique, a EN1.

"São cerca de 120 corpos descarregados lá", disse ao serviço em português da Voz da América um dos camponeses. A testemunha, não identificada, disse que os corpos "podem ser de civis sequestrados e assassinados por questões políticas" ou "militares mortos em confrontos armados, entre o braço armado da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança".

A Gorongosa tem sido palco de confrontos nos últimos meses e é uma área onde as forças armadas da Renamo têm estado activas – foi lá que o seu líder, Afonso Dhlakama, se refugiou no início do ano. A Resistência Nacional Moçambicana informou este mês que pelo menos 14 dos seus membros foram executados desde o início do ano, acções que atribui a esquadrões da morte.

A confusão política e os receios sobre a situação da segurança no país tornam difícil perceber o que realmente aconteceu.

Para aumentar a confusão, o administrador do distrito da Gorongosa desmentiu a existência da vala comum. “Os mentores desta informação levam consigo tendências de denegrir a imagem do distrito e do país em geral, semear uma imagem terrorista e confundir a comunidade nacional e internacional sobre a ordem, segurança e tranquilidade públicas que se vive no país. Pelo que reafirmamos que a informação é falsa Também de igual modo pretende atacar profundamente os valores morais e humanitários plasmados na nossa Constituição da República de Moçambique. Repudiamos veementemente esta atitude de desinformação", lê-se num comunicado.

A polícia, por sua vez, anunciou que vai "continuar a investigar" o caso.

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