A queda do real, que já se desvalorizou 33% este ano, está ligada às dificuldades do Governo em implementar um plano que consiga reanimar a economia, que está actualmente em recessão e que viu o rating ser revisto em baixa.

A desvalorização do real para 4,03 para cada dólar é o valor mais baixo desde que a moeda foi criada, em 1994, e bate o momento em que um dólar chegou a valer 4,00 reais, em 2002, logo depois da chegada ao poder de Lula da Silva.

A perda de valor do real face ao dólar não surpreendeu os analistas, que consideram que o movimento vai continuar, podendo chegar aos 4,2 reais por dólar até ao primeiro trimestre do próximo ano.

"Esperamos que o real transaccione mais perto dos 4,2 por dólar nos próximos três a seis meses", disse o analista da UBS Wealth Management Alejo Czerwonko, em declarações à Bloomberg.

Para este analista, há dois factores que podem desencadear uma pressão adicional sobre os activos brasileiros: as tensões políticas e uma revisão em baixa do rating do Brasil pela Moody's, na sequência do que já foi feito pela Standard & Poor's.

"A rapidez com que a S&P desceu o rating ensina-nos que não se pode excluir que a Moody's faça o mesmo", diz o analista, referindo-se à descida da nota para o nível mais alto da escala de não investimento, tradicionalmente conhecida por «lixo», a 9 de Setembro.

Apesar de muitos dos factores que estão a colocar o país em recessão e com a moeda a perder valor "são culpa do Brasil, a verdade é que o ambiente global também não ajuda", conclui o analista.