O silêncio de Suu Kyi sobre os rohingya é uma decisão eleitoral
Nobel da Paz birmanesa é criticada pelo seu silêncio sobre a perseguição dos rohingya. O consenso é o de que Suu Kyi não quer perder votos.
Suu Kyi foi já criticada no passado pelo seu silêncio no tema da perseguição dos rohingya. Em 2012, quando explodiram na Birmânia violentos confrontos étnicos entre a maioria budista e os rohingya, Suu Kyi disse que não iria prestar declarações porque receava alimentar a violência. Porém, o seu silêncio de então, como o seu silêncio agora, está a ser interpretado como uma jogada eleitoral.
A Nobel da Paz é também líder da oposição e candidata presidencial às eleições de 2016. E na Birmânia, em que cerca de 90% da população é budista, a causa rohingya é consensualmente impopular. Mesmo não se pronunciando sobre a minoria muçulmana, há sectores nacionalistas que apelidaram Suu Kyi como a “amante dos muçulmanos”.
As únicas declarações sobre o êxodo dos rohingya da Liga Nacional para a Democracia, o partido de Suu Kyi, foram feitas pelo seu porta-voz. “Vejo-os apenas como humanos que têm direito a direitos civis”, disse Nyan Win. Mas nada vindo de Suu Kyi.
“Num genocídio, o silêncio é cumplicidade, e também o é com Aung San Suu Kyi”, escreveu Penny Green no diário britânico Telegraph.
Na segunda-feira, o jornalista britânico Mehdi Hasan escrevia no site da Al-Jazira que era preciso encarar a Nobel da Paz pelo que ela é: "Uma antiga prisioneira de consciência, sim, mas agora uma política cínica que está disposta a pôr votos à frente de princípios; avanço partidário à frente de vidas rohingya inocentes.”