Com 20 novas casas, começa a "batalha" pela reabilitação do Bairro Padre Cruz

Neste bairro municipal na freguesia de Carnide, em Lisboa, vai nascer um "quarteirão piloto", no qual serão realojadas famílias que hoje vivem em habitações de alvenaria.

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O projecto que vai ser concretizado no Bairro Padre Cruz foi desenvolvido pela Orange DR
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O lançamento do concurso público para a execução do chamado “quarteirão piloto” foi aprovado pelo município na passada quarta-feira, por unanimidade. Em causa está uma intervenção, com o preço base de 1,186 milhões de euros (sem IVA), que deverá prolongar-se por 365 dias e será financiada com verbas do Programa de Investimento Prioritário em Acções de Reabilitação Urbana (PIPARU).

Os novos edifícios vão permitir o realojamento de 20 das famílias que ainda residem nas casas de alvenaria, construídas no Bairro Padre Cruz a partir da década de 60 do século XX. Este quarteirão, que se pretende que seja apenas o primeiro de muitos a nascer nos próximos anos, vai ser erguido lado a lado com um campo de jogos informal, que foi recentemente construído e que está ainda por estrear.

Tanto esse campo como um equipamento social cuja gestão será entregue à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, e que terá as valências de residência assistida, centro de dia e creche, foram financiados com verbas do Quadro de Referência Estratégico Nacional. A sua construção, recorda a vereadora da Habitação e do Desenvolvimento Local, implicou a demolição de um conjunto de casas de alvenaria e o realojamento dos agregados que aí residiam.

Paula Marques destaca a grande preocupação que houve em “não desenraizar” as cerca de 150 famílias realojadas até ao momento. A autarca dos Cidadãos por Lisboa explica que elas foram preferencialmente colocadas em fogos de construção mais recente no Bairro Padre Cruz, e sempre tendo em atenção as “necessidades” dos seus agregados e as relações, “boas ou más”, de vizinhança.

Numa visita com o PÚBLICO a este bairro municipal, a vereadora adiantou que as construções em alvenaria existentes perto do novo campo de jogos serão as próximas a ir abaixo. Igual destino terá “uma zona periférica” junto ao Cemitério de Carnide, na qual só há “três moradores” e onde se pretende “fazer uma praça”. No futuro, diz, só um núcleo ficará de pé, como “memória histórica”.

Quanto ao “quarteirão piloto”, Paula Marques reconhece que este é apenas “o momento um de uma grande e já longa batalha”, que tem tido como protagonistas não só o município mas também a junta de freguesia, a associação de moradores e outros parceiros no terreno. Mas é também, acrescenta a vereadora, “um sinal de empenho do executivo”.

Também o presidente da Junta de Freguesia de Carnide vê o lançamento desta empreitada, que sublinha representar um investimento superior a um milhão de euros, como “um sinal” de que a requalificação do bairro é para “continuar”, mesmo que não seja possível o recurso a financiamento comunitário. A aprovação do concurso para a obra, diz Fábio Sousa, “traz a boa notícia de que o processo não parou”.

“Estamos muito felizes”, acrescenta o autarca do PCP, para quem substituir as casas de alvenaria “é mais do que necessário”, atendendo às “muito precárias” condições de habitabilidade que oferecem à “população muito envelhecida” que lá vive. Mas estes elogios não vêm sem uma crítica: “O que está a ser feito é importante, é bom, mas não chega”, nota Fábio Sousa, sublinhando que ficam “mais de 500 famílias” por realojar.  

A empreitada agora posta em concurso, e que Paula Marques acredita que poderá iniciar-se lá para Outubro, vai permitir passar do papel à prática o projecto que venceu um concurso de arquitectura promovido em 2013 pela câmara. A ideia é que essa solução, desenvolvida pela Orange Arquitectura e Gestão de Projecto, seja concretizada não só no Padre Cruz mas também no bairro “gémeo” da Boavista, na freguesia de Benfica (para o qual foi inicialmente desenvolvida).

Entre as características desse projecto, a vereadora destaca o facto de ele prever uma “acessibilidade universal” no interior das habitações, a predominância de fracções térreas, a ausência de elevadores e de garagens e as preocupações tidas com a eficiência energética, por exemplo ao nível do isolamento térmico e da reciclagem de águas. Além disso, as casas que vão ser construídas têm a particularidade de terem “uma tipologia evolutiva”, permitindo por exemplo que um T2 seja transformado num T3 sem alterações estruturais. 

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