Apanhadores ilegais de amêijoa facturam "milhares" de euros no Tejo
Fonte da Polícia Marítima adiantou à agência Lusa que a apanha ilegal de amêijoa no Rio Tejo, onde estes bivalves abundam, é uma actividade “muito lucrativa” para os pescadores, que chegam a obter “mais de 3.000 euros por mês”, sem pagar “quaisquer impostos”, na sua venda para o mercado espanhol, a cerca de 2,15 euros por quilo.
Os pescadores hoje apanhados na baía do Montijo tinham em sua posse cerca de 450 quilos de amêijoa, cuja captura está actualmente proibida em Portugal por conterem uma toxina, e foi-lhes apreendida a carga, bem como o barco, sendo sujeitos a uma multa de 700 euros por se tratar de uma embarcação com licença de pesca profissional, mas para outras espécies.
De acordo com a mesma fonte, no caso destes apanhadores ilegais terem licença de pesca profissional para outras espécies a coima é de 700 euros. Nos casos em que têm licença não profissional, a coima é de 500, valores que a lei permite que sejam reduzidos para metade pelas entidades policiais.
“Normalmente as coimas são reduzidas para metade por se considerar que estes pescadores são pobres”, disse a fonte, criticando estas decisões “porque a maioria destes pescadores consegue lucrar milhares de euros com a apanha ilegal de amêijoas e muitas vezes ainda recebem subsídios de pobreza pela segurança social”.
A fonte explicou que os apanhadores ilegais ou vendem directamente as amêijoas a comerciantes espanhóis ou a empresários de restauração portugueses, com negócios na zona próxima do Tejo, que depois de acumularem várias centenas de quilos as revendem no mercado ilegal para Espanha.
De acordo com a fonte, durante a época balnear a Polícia Marítima praticamente não faz fiscalização à captura ilegal de bivalves por falta de meios humanos, mas quando a época acaba aperta o cerco no Rio Tejo, conseguindo “apanhar muitos pescadores”.
A fonte manifestou ainda o seu descontentamento pela população da zona criticar a actuação da Polícia Marítima ao “multar os pobres coitados dos pescadores, quando estes ganham bastante dinheiro sem pagar impostos”.
“Estes apanhadores ilegais são ao contrário dos verdadeiros pescadores, que são mal pagos e têm uma vida dura, de pobreza. Estes, numa maré de quatro horas fazem centenas de euros”, observou.