Nos anos de forte crescimento económico, a dívida pública irlandesa baixou para níveis próximos de zero, mas bastaram três anos para ultrapassar Portugal. Só este ano, o défice deverá atingir uns assustadores 32%, com quase 20 pontos a corresponderem à injecção de 34 mil milhões de euros que o Estado teve de fazer no Anglo Irish Bank. Ainda assim, o Governo irlandês quer reduzir o défice para um valor inferior a 3% até 2014. Em Portugal, essa meta será atingida, diz o Governo, em 2013. Este ano, será, com a ajuda de receitas extraordinárias, de 7,3%.

A Irlanda está, neste capítulo, mais tranquila porque, segundo o Governo, já assegurou todas as suas necessidades de financiamento até meados do próximo ano. Portugal, no início de 2011, terá de voltar a realizar emissões de obrigações de tesouro, já que o calendário de amortizações de dívida será bastante exigente.

Com as excepções dos relativamente pequenos BPN e BPP, o sistema bancário português tem resistido bem à crise. Ainda assim, está ainda fortemente dependente do BCE para obter o financiamento que necessita. Na Irlanda, onde ocorreu um colapso dos preços do imobiliário, a banca entrou toda em ruptura, foi nacionalizada e continua sem garantir o reequilíbrio das contas.

Os defensores do modelo económico irlandês dizem que, ao contrário de Portugal, o crescimento forte voltará rapidamente. Mas, este ano, a economia deve contrair-se ainda 0,3% e as medidas de austeridade devem prejudicar o resultado de 2011. Portugal está melhor este ano, mas arrisca-se a voltar à recessão no próximo.