Mulher de Liu Xiaobo já pôde dizer-lhe que é Nobel da Paz
Ele chorou e dedicou o prémio “aos mártires” da repressão das autoridades chinesas contra os manifestantes da Praça de Tiananmen, precisou a organização de direitos humanos Freedom Now.
Agora, Liu Xia está sob prisão domiciliária na sua casa em Pequim, embora não tenha sido acusada de nada, adianta a organização de defesa dos direitos humanos, num comunicado colocado online. Só pôde sair de casa para visitar o marido. Não pode usar o telemóvel nem receber jornalistas ou amigos.
Apesar de todas estas restrições, conseguiu enviar mensagens a partir do site de microblogging Twitter (a sua conta é @liuxia64), reenviadas depois pelo correspondente em Pequim da revista norte-americana Time, explica o site do jornal espanhol El Mundo.
“Liu Xia está sob uma enorme pressão. Esperamos que os líderes mundiais condenem este acto vergonhoso do Governo chinês e exijam a sua libertação imediata e incondicional”, disse Yang Jianli, um dos especialistas em direitos humanos da Freedom Now.
Nos media chineses, é praticamente inexistente a atribuição do Nobel da Paz a Liu Xiaobo, um professor de Literatura de 54 anos, que participou nos protestos de Tiananmen e agora está a cumprir uma pena de 11 anos de prisão por “subversão”. O seu crime foi ter redigido, juntamente com outros activistas, um manifesto em 2008 – conhecido como a Carta 08 – reclamando liberdade de expressão e eleições multipartidárias.
Só o "Global Times", um jornal em língua inglesa publicado pelo Governo chinês, publicava no sábado um editorial em que considerava a decisão do comité Nobel norueguês uma “escolha paranóica”, feita “para irritar a China”, uma vez que Liu Xiaobo é “um criminoso chinês preso”, noticiava o jornal norte-americano Los Angeles Times.
Desde sexta-feira, quando o Nobel da Paz 2010 foi conhecido, têm chegado ao Ocidente notícias de prisões e intensificação do controlo de movimentos de activistas dos direitos humanos na China.