Direcção de informação da RTP nega interferência da administração e critica PÚBLICO
Os factos relatados na entrevista dizem respeito ao período em que Rodrigues dos Santos exerceu o cargo de director de Informação (entre 2002 e 2004) e, mais especificamente, ao processo de nomeação de Rosa Veloso como correspondente em Madrid.
Em comunicado, a direcção de informação (DI) começa por sublinhar que “não põe em causa, obviamente, o exercício da liberdade de expressão de José Rodrigues dos Santos, ou de outro qualquer jornalista”, e que, “pela mesma razão, não questiona o direito de resposta do conselho de administração”. Justificando esta tomada de posição “face a interpretações oportunistas, tentando ligar este episódio do passado à situação presente”, a DI refere que José Rodrigues dos Santos, nos esclarecimentos que prestou, afirmou que, “em relação ao período actual, revê-se sem reservas nos critérios editoriais da actual direcção de informação, porque é seguido o Livro de Estilo da RTP”.
Segundo a DI, o jornalista diz também “desconhecer qualquer tentativa de influência da administração na actual direcção de informação”. Adianta o comunicado que, após reuniões do conselho de redacção com o jornalista, “ficou por esclarecer o que o levou a declarar à ERC, em Novembro de 2006, que já tinha sido pressionado, contrariamente ao que afirmara em 2004”. E que o jornalista também “não esclareceu se se revê no título dado pelo PÚBLICO à entrevista”.
Estranhando que “uma entrevista feita em Agosto, sem quaisquer factos novos, seja publicada em Outubro, com honras de primeira página na revista Pública e com chamadas, em dois dias seguidos, na primeira página do PÚBLICO”, a DI visa, depois, o director do jornal. “São os insondáveis critérios editoriais do PÚBLICO, cujo director, como se sabe, foi alvo de um processo-crime por difamação por parte da direcção de informação da RTP, actualmente a decorrer”.
Em declarações ao PÚBLICO, José Rodrigues dos Santos diz ser “estranho” que a direcção de informação da RTP levante a questão do título. “Na reunião de ontem não me foi perguntado se concordava com o título. Se o tivessem feito, imediatamente teria dito que não concordava, como, aliás, comuniquei isso mesmo no dia da publicação da entrevista à jornalista do PÚBLICO”. Relativamente à alegada contradição nas declarações à ERC, o jornalista desmente-a, remetendo para a leitura da própria entrevista. “Não há contradição nenhuma e quem ler as minhas declarações percebe claramente por que é que eu disse à ERC que já tinha sido pressionado”.