RTP: Conselho de Administração anuncia "procedimentos legais" contra Rodrigues dos Santos

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Pedro Cunha/PÚBLICO (arquivo)

Na mesma entrevista, o pivô do Telejornal diz que ainda hoje está a pagar por se ter “oposto à interferência da actual administração” que, em Novembro de 2004, escolheu para correspondente em Madrid uma jornalista preterida no concurso para o cargo – caso que levaria à sua demissão do cargo de director de informação da RTP.

O jornalista admitia ainda estar desmotivado por “ver o poder interferir despudoradamente na informação”. Mais à frente sustentava que, enquanto director de informação, raras vezes contactou com os sucessivos governos, mas acrescentava: “Na minha experiência, os governos contactam as administrações e depois estas passam, ou não, os recados”.

Num comunicado divulgado esta tarde, a administração da estação pública “repudia veementemente, por serem falsas, as afirmações proferidas por aquele empregado, às quais atribui a maior gravidade, uma vez que põe em causa a imagem da RTP, designadamente no que toca à informação prestada aos portugueses”.

A administração presidida por Almerindo Marques estranha que, “de todas as acusações” proferidas na entrevista, o jornalista apenas concretize “um facto ocorrido há três anos e que na altura foi esclarecido nos locais próprios” e questiona qual a razão que levou Rodrigues dos Santos a “ressuscitar o assunto agora (...) numa reportagem que nem sequer era sobre este tema”.

A cúpula da empresa diz ainda desconhecer se o jornalista “alguma vez recebeu e transmitiu recados recebidos de outras administrações quando foi director de informação” mas garante que a actual administração nunca o fez.

Em relação à desmotivação que o pivô confessa sentir, o Conselho de Administração alega que este “continuou a auferir a mesma remuneração” mesmo depois de se ter demitido das funções de director de informação – situação que “o coloca como um dos quadros mais bem pagos da RTP” – e sustenta que “recentemente” “mostrou alguma incomodidade por ter de cumprir horários normais”, depois de lhe ter sido recusado um “regime de excepção mais favorável”.

“Face à gravidade dos factos ocorridos, e para salvaguarda do bom nome da RTP e dos seus quadros, o Conselho de Administração decidiu iniciar os procedimentos legais que as circunstâncias requerem”, conclui o comunicado, sem especificar se estará em causa um processo disciplinar ou um eventual despedimento.

Em declarações à Lusa, o administrador da RTP Luís Marques explicou que, para já, será feito um "esclarecimento rigoroso" das acusações avançadas pelo jornalista. O responsável garantiu que "ainda não se está numa fase de processo disciplinar", mas admite que essa medida poderá vir a ser adoptada.

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