Solidariedade
Há portugueses a tentar juntar famílias de refugiados que se separam pelo caminho
Milhares de pessoas em fuga, em direcção à Europa, muitas delas morrendo pelo caminho. Famílias inteiras, pais, mães, filhos, avós, muitos deles separados durante a viagem, fugindo da guerra. Imagens e relatos que Marta Moita, investigadora principal do Programa Champalimaud de Neurociências, viu e ouviu diariamente nos últimos meses. E de repente, quis passar à acção: “A inércia, a não resposta por parte dos países europeus estava-me a fazer confusão. Lembro-me de ter pensado: não posso não fazer nada”, conta ao PÚBLICO.
Faltava decidir o que fazer. Falou com familiares e amigos, procurou informação. Enviou um email a António Guterres, Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, e ao ex-presidente da República Jorge Sampaio. Ambos responderam quase de imediato, para sua surpresa. Marta juntou um pequeno grupo de pessoas - uma ilustradora, um artista, um músico e uma professora de literatura - que a ajudaram a por de pé uma angariação de fundos a que chamaram “Reconnect”, para apoiar o programa de reunião de famílias do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).
O objectivo de partida são 25 mil euros. Com essa verba, o ACNUR consegue dar abrigo a 100 pessoas, enquanto aguardam em segurança que a sua família seja localizada. Porque antes do acolhimento, é importante que os refugiados não estejam sós: “A melhor rede de suporte é a reintegração familiar”, conclui Marta Moita.