Viagens: Desabafo de um jovem madeirense

Há um bom exemplo que o Governo da Madeira pode seguir: o Simplex do Governo da República.

Todos sabem da grandiosidade da ilha da Madeira, a pérola do Atlântico. Mas poucos sabem do problema que é sair ou chegar à ilha da Madeira, que no Natal é mais barato viajar de avião de Lisboa para o Brasil, Nova Iorque e a qualquer capital europeia, do que para a Madeira. Poucos sabem que este problema repete-se não só no Natal, mas também na Páscoa, no Carnaval e no Verão. Poucos sabem que este grande problema de mobilidade tem implicações em diversos níveis na nossa ilha, desde económicos, sociais, culturais e desportivos. De facto, poucos sabem dos problemas, mas todos os madeirenses sabem bem dos custos que estes problemas têm para si, sabem bem e pagam bem por não ter um modelo de viagens aéreas que os proteja.  Poucos sabem dos problemas, mas nós vivemos com eles e pagamos por eles, pagamos pela ineficácia ou incompetência do Governo Regional, que alterou as regras do reembolso e deixou o sistema pior.

No caso dos estudantes a situação agrava-se, pois são estes e as suas famílias os principais prejudicados, porque vêem as suas férias lectivas coincidirem com as chamadas épocas “altas” para viajar, altura em que as viagens chegam facilmente aos 600 euros. Se é difícil para um estudante estar longe da família durante largos meses, parece que é impossível voltar a casa quando tem férias. Ter de pagar estes valores é uma injustiça. O resultado é termos estudantes que não vêm a casa no Natal, ou vêm mas voltam antes do fim do ano. Ou então faltam a exames ou aulas para conseguirem voltar nos dias em que as viagens são mais baratas.

É difícil compreender como é possível, ao fim de anos e anos, o problema continuar. Como é possível haver um modelo que funciona nos Açores e copiarmos mal? Como é possível deixar que os madeirenses paguem pela incompetência de uns e pela ganância das companhias aéreas? Parece-me inaceitável que os residentes na Madeira tenham de adiantar o valor total do bilhete, que pode facilmente superar os 500 euros, e esperarem entre 60 e 90 dias para serem reembolsados da diferença num balcão dos CTT. Ainda para mais quando os madeirenses deviam pagar, após o reembolso, no máximo 85 euros por uma viagem de ida e volta, mas na verdade chegam a pagar valores muito superiores, porque apenas estão incluídas determinadas tarifas e viagens até 400 euros, quando nas épocas altas nem umas, nem outras estão disponíveis. É preciso, pelo menos, extinguir o tecto máximo de 400 euros, incluir tarifas sem restrições e todas as taxas, como as malas, extinguir em absoluto o prazo de 60 dias para o reembolso e procurar mecanismos que garantam que os residentes só pagam no momento da compra o valor final que têm efectivamente de pagar. 

Fica uma última questão: porque é que o Governo Regional não aposta nas novas tecnologias para a concretização do reembolso, tornando-o mais simples e mais seguro? Há um bom exemplo que o Governo da Madeira pode seguir: o Simplex do Governo da República. Mas deve dar muito trabalho simplificar a vida aos madeirenses.

Presidente da Juventude Socialista da Madeira

 

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