Sócrates queixa-se de calúnia de sindicato

Ex-primeiro ministro criticou actuação de Joana Marques Vidal, a quem agora apela para que puna presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público

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Fernando Veludo/NFACTOS

José Sócrates considera que o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, António Ventinhas, o caluniou quando comentou a entrevista que deu esta semana à TVI e anunciou que vai apresentar uma participação à procuradora-geral da República, "para que sejam promovidos os adequados procedimentos criminais e disciplinares".

Foi precisamente a procuradora-geral da República Joana Marques Vidal - à qual agora apela para punir o dirigente sindical - que o ex-primeiro-ministro acusou, na dita entrevista, de ser “a principal responsável pelo comportamento do Ministério Público" na Operação Marquês, em que é suspeito de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais. A investigação serviu para prejudicar o PS nas eleições legislativas, declarou Sócrates. A reacção de António Ventinhas não se fez esperar. Salientando a necessidade de os portugueses decidirem se querem "perseguir políticos corruptos, se querem acreditar nos polícias ou nos ladrões, ou em quem investiga ou nos corruptos", o representante dos magistrados do Ministério Público considerou as acusações de José Sócrates “uma narrativa sem qualquer suporte de realidade".

"O Ministério Público não é nenhuma associação criminosa que se dedica a aterrorizar as famílias dos arguidos. Tem como objectivo o exercício da acção penal daqueles que cometeram crimes", acrescentou. O que, para os advogados do ex-primeiro ministro, viola "gravemente o dever, a que está adstrito, de respeitar a presunção de inocência" do seu cliente.

António Ventinhas “imputou ao senhor engenheiro José Sócrates o cometimento de actos ilícitos; reconduziu o processo em que foi constituído arguido a uma espécie de luta entre ‘polícias e ladrões’”, argumentam.