Estudo: um em cada 12 bombeiros sofre de stress pós-traumático
De acordo com uma investigação feita por duas especialistas da Escola Nacional de Bombeiros, que vai ser apresentada durante o 2º Congresso Internacional de Stress Pós-Traumático, "a sintomatologia" relativa a este problema "teve interferência directa nas actividades da vida diária" em 8,6 por cento dos bombeiros voluntários.
"Os bombeiros, por inerência da sua actividade profissional, estão permanentemente expostos a incidentes, à desorganização, confusão, cenários de destruição e, acima de tudo, muitas vezes rodeados de sofrimento e dor das vítimas", pelo que "têm grandes probabilidades de se tornarem vítimas secundárias" de stress pós-traumático, refere o estudo, a que a Lusa teve acesso.
Perante o nível de exigência a que estão sujeitos, "a frustração é muitas vezes comum" a estes técnicos, fazendo com que "estados de maior irritabilidade e de raiva apareçam com mais frequência".
Para contrariar estes problemas, Raquel Pinheiro e Fátima Fernandes, autoras do estudo, defendem um maior esforço no apoio psicológico aos bombeiros por parte da hierarquia, propondo uma "ajuda especializada".
"Sendo esta perturbação uma doença camuflada" não existe por vezes o "tratamento adequado" a esses pacientes que, em muitos casos, nem sequer são identificados como doentes, defendem as investigadoras.
Em 2002, um estudo de prevalência de stress pós-traumático com consequências no seu dia-a-dia entre os bombeiros voluntários refere que a taxa de incidência é "superior à da população geral", atingindo, na sua maior parte, os homens com idades compreendidas entre os 28 e os 32 anos.
Para as autoras do estudo, o apoio adequado aos bombeiros "deve estar disponível sempre que necessário, de forma a permitir uma evolução positiva e um crescimento psicológico pós-traumático em diferentes domínios, como por exemplo, mudanças positivas no relacionamento interpessoal, um maior apreço pela vida ou uma maior auto-confiança".