Dois mortos no Boom Festival de Idanha-a-Nova
Holandês e chinês morreram a caminho do Hospital de Castelo Branco. Um português foi internado com 43 “bolotas” de haxixe no organismo.
Dois participantes no Boom Festival, que decorre em Idanha-a-Nova, sentiram-se mal no sábado e morreram quando eram transportados para o Hospital de Castelo Branco. Os dois homens eram de nacionalidade chinesa e holandesa, estando por apurar as causas da morte.
Um terceiro participante, de nacionalidade portuguesa, está também desde sábado internado no Hospital de Castelo Branco, tendo-lhe sido retiradas 43 “bolotas” de haxixe do organismo.
Segundo revelou ao PÚBLICO o tenente-coronel Fernando Miranda, da GNR de Castelo Branco, estes três homens não tinham qualquer ligação entre si.
O cidadão holandês, de 43 anos, e o chinês, com pouco mais de 30 anos, dirigiram-se “quase em simultâneo” ao hospital de campanha que a organização tem montado no recinto do festival, alegando mal-estar físico. Após uma primeira assistência médica foram chamadas viaturas de socorro para os transportar ao hospital. Os dois participantes acabaram por morrer durante o transporte entre Idanha-a-Nova e Castelo Branco, num percurso com cerca de 40 quilómetros, contou o tenente-coronel.
Em comunicado, a organização do Boom Festival confirma a ocorrência com dois visitantes e refere que ambos entraram em paragem cardio-respiratória.
"As vítimas foram prontamente assistidas pelas equipas médicas presentes em permanência no evento, tendo sido imediatamente acompanhadas ao hospital [Castelo Branco]", lê-se no documento.
A organização adianta ainda que foi informada de que ambas as vítimas não resistiram, "tendo falecido no hospital, sendo prematuro […] avançar com as causas de morte".
A organização do Boom Festival lamenta a morte dos dois visitantes e mostra-se disponível para prestar todo o apoio às famílias e às autoridades.
Ainda segundo o tenente-coronel Miranda, o cidadão português agora internado no hospital também se dirigiu ao hospital de campanha, alegando igualmente mal-estar, mas terá entrado em pânico e confessou transportar droga no organismo.
Uma ambulância e uma equipa da GNR transportaram então o participante no festival ao hospital e, entre a tarde de sábado e este domingo, já lhe foram retiradas 43 “bolotas” de haxixe do organismo. Este participante está internado sob vigilância médica.
Contactados pelo PÚBLICO, os serviços do Hospital de Castelo Branco recusaram prestar qualquer informação.
O tempo dos xamãs
O Boom Festival, que decorre desde quinta-feira nos 150 hectares da Herdade da Granja, em Idanha-a-Nova, tem os mais de 33 mil bilhetes esgotados desde Dezembro. O preço dos bilhetes variava entre 130 e 180 euros.
Este ano, o festival bienal que se realiza desde 1997 recebe 500 pessoas do Japão, o país convidado desta edição.
De acordo com a agência Lusa, eram esperados festivaleiros de 162 países, que constituem 90% do público. Distinguido no mês passado pela revista norte-americana Rolling Stone como um dos “sete espectaculares acontecimentos do mundo”, o Boom mereceu o destaque da publicação pelo combinado de artes circenses, teatro de rua, malabaristas, dançarinos e filmes que permitem “um regresso à vibração boémia e espiritual dos anos 60” e pela sua premiada política de sustentabilidade.
O festival termina na próxima quinta-feira.
Cada edição do Boom é dedicada a um tema. A deste ano é ao xamanismo. Segundo a organização, este escolha pretende ser um “tributo às inúmeras formas simbólicas (curandeiro, feiticeiro, mágico) que a figura do xamã representa, aliado ao facto de ser uma das mais importantes inspirações mundiais do movimento psicadélico e visionário”.
Mortes na Argentina
Em Abril passado, cinco jovens entre os 21 e os 25 anos morreram de overdose de droga num dos maiores festivais de música electrónica do mundo, o Time Warp, que este ano decorreu em Buenos Aires, na Argentina.
Dois dos jovens morreram no recinto do festival, enquanto os outros três faleceram no hospital para onde tinham sido transportados. “Os jovens perderam a consciência e entraram rapidamente em coma. A morte foi terrível”, descreveu o responsável do Serviço Médico de Urgência (Same), Alberto Crescenti.
Vários outros jovens foram também hospitalizados em estado grave, com arritmias cardíacas e temperaturas acima de 42 graus. O festival foi cancelado e o perfeito de Buenos Aires proibiu a realização de grande concertos de música electrónica na cidade enquanto não existir legislação que previna o abusado de drogas em eventos desta natureza.