Marcelo só fala sobre colégios depois de conversar com Costa

Escolas privadas entregam 100 mil cartas contra cortes no financiamento do Estado.

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Milhares de cartas foram entregues nesta segunda-feira em São Bento e no Palácio de Belém Miguel Manso (arquivo)

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse nesta segunda-feira que falará sobre a polémica do fim dos contratos de associação com escolas ou colégios privados depois de conversar com o primeiro-ministro, António Costa.

“Dessa matéria em particular falarei depois de falar com o senhor primeiro-ministro", disse o Chefe de Estado, no mesmo dia em que cerca de meia centena de pais, professores e funcionários de dez escolas particulares e cooperativas deixaram mais de 50 mil cartas na residência do primeiro-ministro, no Palácio de São Bento, e outras 50 mil no Palácio de Belém.

"Há cartas de alunos que dizem 'Deixem-me continuar na minha escola'. Outras dizem: 'Não fechem a minha escola'. São mensagens pessoais", resumiu Renato Cruz, porta-voz do movimento. Escritas por alunos, encarregados de educação e funcionários, as cartas pedem, no essencial, a suspensão do despacho do Ministério da Educação, que veio definir que, a partir do próximo ano, só serão financiadas as turmas que se encontrem em zonas sem oferta pública.

Apesar da garantia de que não será retirado financiamento das turmas até que estas terminem o ciclo de estudos, os manifestantes consideram que este diploma poderá significar o fim de alguns estabelecimentos de ensino, o desemprego de milhares de professores e funcionários e a transferência de alunos para outras escolas.

A concentração do Movimento "Defesa da Escola.Ponto" começou no Palácio de São Bento, onde os manifestantes deixaram metade das cartas e foram recebidos pelo assessor para os Assuntos Económicos. No final do encontro, Renato Cruz contou que aquele responsável revelou que "o Governo está a fazer uma nova reavaliação" do mapa da rede escolar, onde constam as turmas que abrem no ano seguinte. "O facto de termos criado este movimento levou a que o Governo adiasse a publicação do mapa da rede, que estava previsto para amanhã [terça-feira], porque estão a reavaliar todas as turmas", disse Renato Cruz.

No entanto, confrontada com esta afirmação, fonte do gabinete do ministro garantiu que "a rede só está pronta no final de Maio e este ano não será excepção".

Os manifestantes estiveram também no Palácio de Belém, onde foram recebidos pela ex-ministra da Educação e assessora para a área da Educação, Isabel Alçada, e onde deixaram as restantes cartas. No final do encontro, Renato Cruz contou aos jornalistas que a equipa de Marcelo Rebelo de Sousa está "a acompanhar a situação com muita preocupação".