PSD-Porto: uma oportunidade perdida?
A única coisa que se pode esperar ou pedir da futura liderança do PSD do distrito do Porto é ganhar o maior número de câmaras e de freguesias
O PSD do Porto vai a votos no próximo dia 23 de Julho. Motivos vários estão na origem deste novo ciclo que o partido irá atravessar. Fui um dos signatários de uma carta onde se pretendia antecipar eleições e não precipitar eleições, defender a unidade e não continuar numa solução de unicidade.
Quis o destino que o meu amigo de mais de 25 anos, presidente da Câmara Municipal da Maia, eng.º António Gonçalves Bragança Fernandes, seja o candidato único à liderança da maior comissão política distrital. Nesse domínio o PSD ficará bem servido. Bragança Fernandes tem uma vida política dedicada ao serviço das populações, tem preocupações sociais e gosta de inovar na missão pública.
Mas os próximos tempos vão ser para a próxima liderança do PSD do Porto muito difíceis e complicados, porque desde logo não soube ou não quis fazer o TPC que o momento exige.
O mundo está a mudar. A União Europeia vive uma profunda crise institucional. O Governo posiciona-se em volta de uma geringonça sem sentido estratégico. Perante isto não podemos continuar a fazer de conta que nada acontece ou, então, aceitar comportar- nos como os homens da alegoria da caverna de Platão: contentarmo-nos com as sombras de uma realidade projectada na parede da caverna.
O PSD é um partido que os portugueses se habituaram a ver e sentir como um partido de causas e de pendor reformista. Um partido com responsabilidade de exercício do poder. Por isso, a única coisa que se pode esperar ou pedir da futura liderança do PSD do distrito do Porto é ganhar o maior número de câmaras e de freguesias. Este será o seu maior desígnio e, de certeza, o seu maior desejo e ambição.
Perante isto resta só dizer que será muito positivo, e até interessante, deixar os militantes discutir de uma forma livre e participada as várias motivações políticas e, de caminho, abrir o PSD à sociedade civil. Desse modo vamos conseguir ser o partido que se identifica com os problemas dos portugueses e procura, para eles, soluções realistas e sustentáveis. Um partido de causas e de valores com o primado constitucional de o poder económico ser subordinado ao poder político e nunca o contrário.
Bragança Fernandes sabe que vai ser o intérprete da solução política que escolheu. Sabe que esta oportunidade só se aceita em duas formas. Como ganha ou perdida. Desejo-lhe boa sorte, porque sou seu amigo e no dia seguinte, refiro-me, claro está, à data das eleições autárquicas, lá estarei ao seu lado, independentemente do resultado.
Francisco Sá Carneiro habituou-me a uma ideia que “a política sem risco é uma chatice. Sem ética é uma vergonha”. Fiel a este princípio, prefiro dizer agora que estarei atento e deixo-lhe um conselho amigo: não perca esta oportunidade.
Presidente da Mesa do Plenário do PSD concelho do Porto