A linha de raciocínio do PCP sobre a comissão de inquérito imposta pelo PSD é a seguinte: os sociais-democratas sempre quiseram privatizar a Caixa Geral de Depósitos, por isso nunca fizeram nada enquanto foram Governo e por isso querem agora uma comissão de inquérito ao banco público para "denegrir e achincalhar" a CGD, numa altura sensível.

Os comunistas já tinham falado no debate quinzenal quando o PSD anunciou que ia impor a realização de um inquérito parlamentar à gestão da Caixa Geral de Depósitos. E por isso só mais tarde, em declarações aos jornalistas, é que o deputado Miguel Tiago, do PCP, acusou o PSD de pretender "instrumentalizar" a comissão de inquérito para "servir os seus objectivos" que sempre foram, segundo o deputado, "privatizar" o banco público.

O deputado argumentou ainda que, com a apresentação de um requerimento potestativo, o PSD está a "levantar suspeitas sobre a CGD" numa altura em que o banco está em plena actividade. "Não é um banco resolvido", disse. Ou seja, ao contrário das outras comissões de inquérito sobre bancos, esta será a primeira vez que se fará um inquérito sobre um banco que não foi resgatado, como aconteceu com o BPN, BES e Banif. Houve, também, em 2008, uma comissão de inquérito ao "caso BCP", que não tinha tido, à data, qualquer tipo de intervenção ou apoio público.

Por isso, os comunistas nem vão debater o objecto de investigação com o PSD. Questionado pelos jornalistas sobre essa disponibilidade dos sociais-democratas para haver consenso sobre o âmbito da avaliação, Miguel Tiago respondeu: "Não vamos fazer o frete de passar a ideia que a comissão de inquérito visa outra coisa que não os objectivos do PSD", respondeu.