Comissão Nacional do PS suspende eleições na distrital de Coimbra
Direcção do partido está a “passar a pente fino” os cadernos eleitorais que foram investigados pelo DIAP.
As eleições internas para a distrital do PS de Coimbra estão suspensas e a Comissão Nacional só as vai remarcar depois de analisar os respectivos cadernos eleitorais que foram objecto de investigação por parte do Ministério Público, depois de uma militante ter denunciado, em 2011, a entrada de militantes-fantasmas nos cadernos eleitorais.
“A direcção nacional tem o dever de defender o património do partido e assegurar que os processos eleitorais decorrem com a maior transparência e a maior lisura”, declarou ao PÚBLICO o secretário nacional para a organização, Hugo Pires, acrescentando que a direcção nacional está a “passar a pente fino” os cadernos eleitorais de Coimbra, depois de o Ministério Público ter informado o partido de que “havia irregularidades em 200 fichas de militantes”.
“Queremos assegurar que o próximo presidente da distrital de Coimbra é eleito com cadernos eleitorais limpos”, disse o mesmo responsável, argumentando que a verificação dos cadernos eleitorais exige algum tempo e que as eleições para a distrital serão marcadas pela Comissão Nacional, que se vai reunir no início de Abril.
A questão que se coloca agora é a de saber se a Comissão Nacional vai anular todo o processo eleitoral, ou se apenas remarca a data das eleições (que estavam agendadas para este sábado). Se assim for, deixa de ser necessário apresentar listas, quer para presidente da federação, quer para os candidatos a delegados ao congresso distrital. Caso contrário, vai abrir um novo processo eleitoral.
O deputado Pedro Coimbra, que não fala sobre o caso, é o único candidato à distrital. O ex-deputado Victor Baptista chegou a afirmar ao PÚBLICO que iria disputar a liderança da distrital coimbrã, mas acabou por desistir depois de um entendimento com Pedro Coimbra, que se recandidata a um novo mandato. O líder federativo convocou para segunda-feira uma reunião da comissão política distrital extraordinária que tem como pontos a análise da situação política e da suspensão das eleições no distrito.
Cristina Martins, a militante de Coimbra que denunciou a existência de militantes-fantasmas e que foi expulsa do partido, tendo depois sido reintegrada por decisão do Tribunal Constitucional (TC), afirma que a “direcção nacional deve avocar a própria federação, porque o mandato de Pedro Coimbra termina agora”. A professora de Matemática do ensino secundário, que aponta culpas ao líder distrital, acusando-o de ter “falsificado fichas de militantes”, defende uma refiliação do partido e afirma que Pedro Coimbra “só deve de ir a votos após a refiliação do que deve recuar aos últimos dez anos”.
O Departamento de Investigação e Acção Penal investigou a denúncia da antiga coordenadora da secção da Sé Nova, mas segundo Cristina Martins “só fez um estudo estatístico que apenas abrange oito meses”. “De fora dessa investigação ficaram centenas de fichas que Pedro Coimbra assinou em nome dos secretários coordenadores do partido”, afirma, acrescentando que “no PS de Coimbra foram cometidas graves irregularidades. Há muitas pessoas que foram militantes antes de ser filiados”.
Esta professora de Matemática desafia o presidente da federação a explicar “as irregularidades que cometeu” e diz que o “PS não pode andar a fazer curativo às feridas. Tem de ir à causa da doença.” E é nesse sentido que considera que o partido precisa de uma refiliação.
Coimbra é a única federação do PS que não vai ter eleições internas. As restantes 18 distritais vão a votos sexta-feira e sábado.