Em Lisboa, em dando a fominha, pode-se comprar até à meia-noite e meia um quadrado de Taleggio, uma cunha de Fontina e 200 gramas de bom prosciutto de Parma, cortado eximiamente na fatiadora de presunto mais bonita e prendada de sempre: a Berkel P15 que, para além de custar 7500 euros, exige perícia por parte do cortador. O único defeito dela era não ser vermelha.

Isto aconteceu-nos na nova pizzeria Zero Zero na Rua da Escola Politécnica. Tivemos a sorte de sermos atendidos pelo próprio chef, o sábio e simpático Liborio Buonocore. Volta e meia os cozinheiros vinham ao expositor buscar queijos e carnes frias. A ideia não poderia ser melhor nem mais reconfortante: os ingredientes que usam são os mesmos que podemos levar para casa ou comer mesmo ali. Os preços são irresistíveis, sendo inferiores aos praticados nas charcutarias.

Nunca comemos fatias tão deliciosas de presunto de Parma. Como tem muita saída no restaurante a carne está sempre fresquinha e fofinha. Como se isso não bastasse a mãozinha de um grande chef italiano e as lâminas de uma Berkel bem estimada fizeram o resto.

Por causa dos presuntos espanhóis o presunto de Parma está a atravessar um mau bocado em Portugal. Quando se encontra está inevitavelmente seco e rijo, devido à injusta negligência. No Zero Zero é tão bom como numa boa mercearia italiana. E 100 gramas – com cura de 18 meses – custam apenas uma nota de 5 euros...

Às vezes sabe bem ir a Lisboa fazer vida de lisboeta.