Cartas à Directora

Economia nacional: Exportações

Os dados publicados sobre a evolução da economia nacional no primeiro trimestre de 2016 evidenciam sinais pouco animadores, para o tecido empresarial português e para as exportações nacionais. Desta forma, verifica-se que o forte travão das exportações nacionais encontra-se sobretudo associado à quebra das vendas de combustíveis refinados e de matérias minerais, que pela sua essência, constituem actividades com elevado valor acrescentado, ou seja, que asseguram margem de rentabilidade para o país elevadas. Muito deste desempenho deve-se ao mercado extracomunitário com destaque naturalmente para Angola, China e Venezuela. Entre o ano passado e o início deste ano, o valor das exportações para Angola baixou mais de 80% e o volume de remessas apresenta um sentido idêntico, agravado pela escassez de dólares. Este contexto poderá acarretar graves danos para a balança corrente nacional, uma vez que uma componente relevante do défice comercial era coberto pelas poupanças enviadas pelos emigrantes. Em contrapartida os têxteis, calçado, o plástico e o papel continuam a sua dinâmica positiva e a apresentarem crescimentos sustentáveis no volume produzido e exportado. São actividades particularmente importantes, uma vez que para além de criarem riqueza localmente, ainda são altamente intensivas em mão de obra, o que permite a criação de emprego. Os combustíveis refinados e as matérias minerais não possuem grande impacto em termos de empregabilidade, em virtude de constituírem essencialmente sector altamente intensivos em capital. À semelhança da generalidade das economias europeias, com destaque para a França e a Alemanha, Portugal deverá promover ou procurar compensar a quebra das exportações com um ligeiro aumento do consumo privado, com incidência sobre os serviços, uma vez que este tipo de actividade possui forte influência na criação de emprego e na distribuição da riqueza local.

João António do Poço Ramos, Póvoa de Varzim

 

Palradores e fazedores

Os políticos dividem-se em palradores e fazedores. Marcelo pertence ao primeiro grupo, Costa ao segundo. O Presidente privilegia a palavra, o primeiro-ministro a acção. E ainda bem que assim é, porque quem governa é António Costa. Mas os palradores têm, também, grandes responsabilidades, na medida em que a palavra tem muita forca, às vezes até maior que o acto em si. O povo diz que quem muito fala, pouco acerta. Não digo que seja o caso do PR, longe de mim tal acusação, mas não me pareceu feliz a expressão ligeiramente irritante, usada por Marcelo, para criticar Costa pelo seu optimismo. Na verdade, este é mais tranquilizador que irritante e o pessimismo é que causa irritação. Mas esta questão pode ser falsa. Soares disse, um dia, e citando Jean Monnet, o pai da Europa, que não era optimista nem pessimista – sou determinado. Talvez estivesse certo, o líder histórico do PS.

Simões Ilharco, Lisboa

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