Cartas à Directora
O Brasil e o Acordo Ortográfico
Li, no artigo “A reversão mais valiosa para o futuro: acabar com o Acordo Ortográfico”, de José Pacheco Pereira, publicado na edição de 7 de maio corrente do jornal PÚBLICO, a seguinte afirmação: “no Brasil (...) o caminho seguido é deixar o Acordo apenas na sua condição de papel”.
Gostaria de recordar que, desde 2009, a ortografia estabelecida pelo Acordo, ratificado em 2008, passou a ser utilizada pelos órgãos do Estado, pelos meios de comunicação e pelas editoras brasileiras. Naquele ano, os principais jornais impressos do país já adotavam as novas regras ortográficas. Entre 2009 e 2012, a ortografia estabelecida pelo Acordo foi introduzida no sistema escolar brasileiro, tendo em conta o cronograma trienal do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), um dos maiores programas de distribuição de livros didáticos do mundo. Segundo a Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares (Abrelivros), desde 2012, a totalidade das obras didáticas editadas no país já segue as normas do Acordo Ortográfico.
Desde 1° de janeiro de 2016, o Brasil aplica plenamente as regras estabelecidas no Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (AOLP), após o encerramento do período de transição (2008-2015). O primeiro grande exame de acesso ao ensino superior brasileiro a aceitar apenas a ortografia prevista no AOLP, a fase discursiva do exame de acesso à Universidade de São Paulo (USP), foi realizado em I0 de janeiro deste ano, com a participação de 26 mil estudantes.
Matias Antonio Senra de Vilhena, Encarregado de Negócios, a. i. Embaixada do Brasil
UBER
(…) Apesar de concordar, com a necessidade da rever e criar legislação adequada e que regule o serviço prestado pela UBER, parece-me evidente que, para os consumidores, a entrada desta empresa no mercado nacional é extremamente positiva. (…) Do ponto de vista do utilizador, a presença da plataforma cria uma alternativa válida e eficiente ao monopólio dos táxis, melhorando a qualidade do serviço, uma vez que os motoristas são avaliados pelos passageiros e os seus resultados são publicados no site da empresa. Esperemos que o governo desenhe o enquadramento regulatório e legal necessário para que a companhia opere em Portugal, para bem do sector, dos consumidores e do próprio país.
João António do Poço Ramos, Póvoa de Varzim
A razão de Catarina
Na polémica que opõe Catarina Martins a Marcelo, sobre o trabalho, a razão, quanto a mim, está do lado dela. A coordenadora do Bloco defende, e bem, que todo o trabalho deve ser pago e o PR admite o trabalho voluntário, nomeadamente para os idosos, ou, se quisermos ser mais elegantes, para a idade maior. Não me parece razoável uma pessoa chegar ao fim da vida, o que já é extremamente desagradável e, ainda por cima, trabalhar de borla! Se este argumento, que aduzi, não fosse, só por si, suficiente para dar razão a Catarina, bastaria evocar o Evangelho, para o qual todo o trabalho deve ter recompensa. Ainda em abono da tese de Catarina Martins, costumo dizer, em tom irónico, que é melhor morrer de frio, do que trabalhar para aquecer! O meu camarada Carlos Veríssimo chamou mata-velhos ao anterior governo. Marcelo, que é da mesma família política, talvez se candidate a que lhe chamem o mesmo.
Simões Ilharco, Lisboa