Cartas à Directora
Eles voar, voam… mas muito baixinho
"As coisas estão terríveis aqui em Portugal, mas não tão terríveis como estavam há um par de anos. E a mesma coisa pode ser dita em relação à economia europeia como um todo", disse recentemente Paul Krugman, prémio Nobel da Economia em 2008. Uma análise cuidada, profunda e racional que só poderia vir de tão ilustre sumidade mundial… porque isto, vindo de um “pé-rapado”, daria qualquer coisa como “se o burro do meu vizinho não morresse, ainda hoje era vivo”! E depois, nem de propósito, no mesmo dia, aparece o Professor Marcelo a afirmar que “não se pode “passar o dia-a-dia a comparar números e a fazer avaliações e previsões”, recordando que ao longo deste mês haverá uma “série de juízos, nomeadamente da Comissão Europeia, em relação a Portugal”. E diz mais: “Vamos esperar por isso (pelos juízos), não vamos fazer o desporto, que é o desporto nacional que depois de em cada esquina ter havido um constitucionalista, agora em cada esquina há um constitucionalista/ economista”! Sim, é o mesmo Professor que todos os domingos nos brindava com o seu desporto favorito sobre os mais díspares temas da actualidade, fosse a baixa graduação dos vinhos de Porches, o número ideal de varetas de um guarda-chuva ou o efeito térmico da frigideira sob a barriga do sapo cururu (sic)!
Valha-nos Mota Soares e a sua coerência política-desportiva: depois de fazer parte de uma equipa que em uníssono sempre defendeu e praticou o aumento de impostos, como mezinha para todas as maleitas, apareceu agora a exigir à “geringonça” que os baixe (ISP) “porque está a haver um enorme custo para a economia e para as famílias”! Enfim:
Se perguntarmos a todas estas almas, sem excepção, se o elefante voa, a resposta só poderá ser uma:
- Ele voar voa… mas muito, muito baixinho (sic)!
António Carvalho, Gouveia
Isco europeu
O nome de Ílhavo deriva de Illiabum (abundância de "illex" - isco). Esse isco serviu a gerações de portugueses para capturar peixe, em especial o apreciado bacalhau. Hoje, isso é passado, de toda a parte fomos escorraçados.
Esta nação corajosa que foi pelos mares do Mundo está agora "de cócoras", citando um político português.
Acenaram-nos com o engodo do dinheiro fácil. Ele serviu para modernizar passagens de nível de linhas que depois se encerraram (cito apenas o ramal da Figueira à Pampilhosa). Bebemos o doce licor afrodisíaco que nos tirou o discernimento.
E nós mordemos o isco, entusiasmados. De pescadores de bacalhaus, passámos a pescados e da fita os maus...
Eles, os donos da massa, preferem emprestar a que sigamos de novo a cartilha de Salazar (e, já agora, de Cavaco Silva, que recomendava "frugalidade"). E assim nos roubaram a independência e os filhos que tiveram de emigrar. Aljubarrota? Montes Claros? Para quê?...
Eles preferem cobrar juros a que vivamos segundo as nossas posses.
Antides Santo, Leiria