Cartas à Directora

Ei, autarcas, deixem os cidadãos em paz!

O que se espera de um governante ou de um autarca é que aja como um bom administrador de condomínio, ou seja, causando o mínimo incómodo aos condóminos na fruição da sua fracção e das partes comuns. E, caso seja necessário levar a cabo uma intervenção de fundo, a mesma deverá ser programada não só para causar o mínimo incómodo mas sobretudo com o propósito de não se voltar a repetir tão depressa.

Acontece que eu estou quase com 60 anos de idade e os presidentes de câmara de Lisboa ainda não me permitiram que eu pudesse ir à Baixa sem estar constantemente a tropeçar num estaleiro de obras, obrigando-me alterar percursos, a perder tempo, anos de vida e paciência. Os autarcas de Lisboa trazem o condomínio permanentemente em obras, não dando aos cidadãos um minuto de sossego e de tranquilidade, achando-se no direito de destruir e alterar a cidade, a seu bel-prazer, sem dar satisfações a ninguém como se cumprissem um mandato divino.

O actual presidente da câmara de Lisboa quer agora transformar a capital do império onde tudo se concentra e onde toda a gente é obrigada a ir numa cidade residencial e de lazer. Ou seja, o país inteiro é obrigado a ir a Lisboa porque é lá que estão todos os centros de decisão e, como se isso não fosse já penalização bastante, ainda se lhe dificulta cada vez mais os acessos, sobrecarregando-o com portagens, taxas e impostos.

Se o presidente da câmara quer transformar Lisboa numa cidade residencial e de lazer, com o que eu concordo, deve começar por fazer recuar, para o interior do território (100 ou 200 Km), os ministérios, secretarias de Estado, tribunais superiores, direcções gerais, instalações militares, universidades, etc. etc. E todos ganharíamos com isso: por um lado, Lisboa ficaria liberta do congestionamento automóvel, da poluição e da pressão urbanística, podendo transformar-se, então, na cidade turística, empresarial, residencial e marítima que o presidente da câmara idealiza, e, por outro lado, o país ficava mais equilibrado. Agora o que o presidente da câmara de Lisboa não pode pretender é transformar Lisboa na nossa Barcelona, esquecendo-se que é Madrid, porque as duas cidades não são sobreponíveis nem conciliáveis. 

Santa-Maia Leonardo, Ponte de Sor

 

Educação

Tiago Brandão Rodrigues, ministro da Educação está a caminho do “inferno”. A Igreja Católica portuguesa é a guarda avançada dos colégios privados contra o despacho impeditivo de formação de turmas dos 5.º, 7.º e 10.º anos nos estabelecimentos de ensino abrangidos por contratos de associação, existindo vagas nas escolas da rede pública. Os colégios privados querem funcionar com dinheiro público. A Igreja devia preocupar-se em pagar IMI como a generalidade dos portugueses. De resto, a forma como Alexandra Leitão, secretária de Estado Adjunta e da Educação foi recebida na Mealhada revelou a grande capacidade de pais, alunos e professores de escolas privadas em provocar desacatos. Afinal, a arruaça está na moda.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

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