Cartas à Directora

O Presidente e as previsões da UE

Se critiquei o Presidente de República por ter dito, erradamente, que há consenso na Saúde entre o PS e o PSD, não posso agora deixar de o elogiar pela sua afirmação de que o défice, se for 2,7, é uma boa notícia para Portugal. Marcelo desdramatizou, assim, as previsões da União Europeia e a sua postura, altamente responsável e patriótica, digna de um verdadeiro Chefe do Estado, contrastou, de uma forma viva e gritante, com as do PSD e CDS que puseram, imagine-se, a comissão europeia à frente do seu próprio país. Esta atitude inqualificável a que a nossa direita, infelizmente, já nos habituou – servir Bruxelas e não Portugal –, deve merecer o repúdio de todos os Portugueses, não votando PSD e CDS. Em contrapartida, devem congratular-se por terem um Presidente que, até agora, tem sabido estar à altura do País - uma velha e grande Nação, com quase nove séculos de Historia. Oxalá continue assim.

Simões Ilharco, Lisboa

 

Vamos pô-los no lugar

O Museu Nacional de Arte Antiga conseguiu angariar os 600 mil euros necessários para adquirir a Adoração dos Magos, de Domingos Sequeira. A pintura, que estava há 170 anos na posse da mesma família, vai poder agora ser exposta num museu, à vista de tudo e de todos! Depois da Campanha “Vamos pôr o Sequeira no lugar”, que para além de ter atingido o objectivo para que foi criada conseguiu ainda formar perto de 10 milhões de portugueses em Neoclassicismo e Romantismo (quais campanhas de novas oportunidades do Engenheiro Sócrates qual quê!), espera-se agora novas iniciativas do género de forma a que o zé-povinho se possa instruir, também, em Expressionismo, Fauvismo, Cubismo ou Pontilhismo e deixe, de uma vez por todas, de estar tão centrado em temas como o futebol, o futebol… ou o Bruno de Carvalho e os problemas do futebol!

Apenas quatro portugueses, quatro (!), especialistas em Henri Rousseau e em “Naifismo” (desde as suas paixonetas de adolescente pela obra The Sleeping Gypsy), tentaram sabotar a dita campanha, arrazoando publicamente que, imagine-se, o Sequeira era um sem-abrigo de Lisboa, o Sequeira era um emigrante longe da sua pátria mãe, o Sequeira era um funcionário do “Pingo Doce” despedido pelo Senhor Soares dos Santos… ou o Sequeira era o marido da D. Floripes do 10º.Esq. que viu as malas serem-lhe postas à porta por um desaguisado com a sogra (sic)! Afinal de contas todos eles também Sequeira e a precisarem de ser postos no seu lugar!

Asteísmos à parte, haja esperança, agora, depois de toda esta massiva e salutar adesão à causa da cultura, que alguém venha pôr o Imposto sobre os produtos petrolíferos no seu lugar! E porque não, também, o preço da energia no seu lugar! E porque não, também, os corruptos no seu lugar!

São só uns meros exemplos do muito que os portugueses poderiam pôr no seu lugar… se antes de tudo eles próprios os tivessem no lugar! Mas não!

António Carvalho, Gouveia

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