Cartas à Directora

A importância do 25 Abril

Nunca poderá ser vista como simples data local e passageira na nossa história.
O antes do 25 Abril representa o passado obscuro e de exploração, por classes, da aristocracia primeiro e do dinheiro depois, que foram dominando a esmagadora maioria da população trabalhadora ao longo de séculos e, não fora aquele gesto revolucionário e corajoso, iniciado por um punhado de militares e apoiado em massa pelo povo, continuaria na mesma situação e atraso por longo tempo ainda.

Conseguiu-se, com esse gesto oportuno e bem-sucedido, realizar os objectivos que os unia e impulsionava a todos: Democracia, Descolonização e Desenvolvimento.

Porém, raramente a história avança por linhas direitas: Os vencidos uniram esforços e procuraram recuperar direitos e poder.
E assistimos agora, após escândalos sucessivos cometidos por "respeitáveis" banqueiros,  em parte começados a desvendar graças a derrames em arquivos ultra-secretos mal guardados, em como essas classes do antigamente continuam a corroer a economia nacional, em proveito de meros interesses pessoais. Espera-se que a justiça funcione.

António Catita, Lisboa

 

O género das árvores

Está no tempo dos citrinos em flor. As tangerineiras, as laranjeiras, as toranjeiras, enchem o ar dum aroma que não patentearam. Todavia, os limoeiros persistem, na língua portuguesa, em ser do sexo masculino... Logo eles cujos frutos, apesar de ácidos, são bem femininos (de facto, a acidez não tem sexo).

Por isso, a partir de hoje, vou fazer a vontade ao Bloco de Esquerda. Nunca mais vou dizer que tenho um limoeiro em frente da janela do quarto. Não sejam maldosos, não é por causa dos "mamilos" dos limões (diria das "limoas")... O que lá está é "uma limoeira".

Em latim, havia 3 géneros (sexos) para as palavras. Isso ainda sucede em alemão e russo; mesmo em inglês, a língua que tomou a peito a simplificação, o neutro subsiste nos artigos e pronomes pessoais, por exemplo. Na língua de Goethe, é a terminação da palavra, em geral, que define o género ("die Freiheit" - a liberdade), tal como acontece muita vez em português.

Mas a "neutralidade" já viveu melhores dias...

Antides Santo, Leiria

 

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