Cartas à Directora

O "sexo das palavras"

O querer do Bloco de Esquerda (BE) em mudar o nome do "Cartão do cidadão" para "Cartão de cidadania" (curiosamente feminina, a última palavra...)) para afirmação da igualdade de género (no caso optando pela neutralidade), tem sido glosado em vários tons, a maior parte deles não percebendo bem qual o valor desta mudança e chamando à colação a coluna escrita por Miguel Esteves Cardoso – Calem-se! – no PÚBLICO de 12/2. Nessa glosa talvez o artigo mais irónico e bem escrito fosse o de António Bagão Félix -Géneros e Feitios- igualmente no "nosso jornal" em 9/3. Agora que, surpreendentemente, o ministro Eduardo Cabrita (talvez para manter a "geringonça" a funcionar...) vem apoiar o desejo do BE, talvez o assunto se torne mais "sério" e vou "meter a colherada".

Isto porque também não entendi muito bem por que razão o BE veio a terreiro com o "sexo do cartão" e acabei por descobrir que tamanha interrogação afinal já bailou noutras mentes eruditas como... o escritor espanhol Juan José Millás. E descobri-o por mero acaso ao ler O Mundo, romance autobiográfico de 2007 (Ed. Planeta, 2009). Transcrevo parte do que ele escreveu nas páginas 55 e 56: “... Fazia a mim próprio perguntas loucas sobre a linguagem. Por que motivo, por exemplo, toda agente comia lentilhas, quando o normal seria que os homens comessem lentilhos? Estou a falar da de um mundo em que a fronteira entre o masculino e o feminino era brutal/ ...era contraditório que que elas comessem grão de bico em vez de grão de bica/ ....que eles se sentassem em cadeiras em vez de cadeiros/ ... que elas tivessem cabelo em vez de cabela.” E outras elucubrações.

Será que Catarina Martins ou a maravilhosa Marisa Matias pertencem ao meu "clube de leitura"?...

Fernando Cardoso Rodrigues, Porto

N.R.: O título desta carta é igual ao da crónica de Nuno Pacheco publicada ontem, mas não houve “plágio” de nenhuma das partes. A carta chegou ao PÚBLICO durante a tarde de anteontem; e o cronista em causa também desconhecia a sua existência e conteúdo. Coincidências (compreensíveis, dado o tema).

 

Animais de companhia

Mais de 12 mil cães e gatos foram abatidos em canis municipais em 2015,segundo números do Ministério da Agricultura. Os animais de estimação são importantes para muitas crianças e idosos no reforço da auto-estima A companhia feita por cães e gatos ajudam a viver melhor e com mais segurança. Contudo, os pássaros canoros e os peixes de aquarismo são excelente companhia. Olhar para os peixes de um aquário acalma. Ouvir a sonoridade inebriante dos canários exalta. No antigo Egipto os cães eram adorados na forma do deus Anúbis, e os gatos na forma da deusa Bastet. A escolha de canídeos para animais de companhia depende das suas aptidões, características e comportamento. Quem não se lembra do Gato Félix, Garfield, Gato das Botas, Pluto, Snoopy e da Lassie?

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

 

Pensamento do dia, acerca de impeachment

O impeachment que se abateu sobre o Brasil, só no país irmão podia acontecer. A sua mescla social é tão diversa – onde pontificam herdeiros de coronéis, jagunços emancipados, descamisados com colarinhos brancos, sem-terra com instrução de pouca-terra, e crentes de opúsculos satânicos – que só ouvindo as declarações de voto dos ululantes representantes do Povo, se compreende o que uma facção quer e a outra que quer o que a outra também quer: governar-se sem se interessar por governar honestamente os destinos do Brazil – o ‘nosso’ Brasil irmão.

José Amaral, VN Gaia

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