Cartas à Directora

Dinheiro ao largo

Os detentores de contas “ao largo” (offshore) não são todos iguais na dimensão da sua riqueza, na forma como ela foi obtida, nem no objetivo desse afastamento dos seus tesouros das costas patrulhadas. Haverá alguns casos que não configuram ilícito nem imoralidade, mas acredito que a esmagadora maioria cairá num de dois casos. Esconder dinheiro cuja origem e posse não querem evidenciar (eventualmente suja…), ou não serem tributados nos seus países, mesmo sendo o dinheiro limpo. Sendo a Mossack Fonseca apenas um dos escritórios especializados nestes trabalhos, as entidades e as personalidades que pisam o risco surgem de todos os quadrantes profissionais, sociais, políticos e geográficos.

Não deixa de ser curioso ver países, pela frente, a taxarem as fortunas (o povo aplaude) e por trás a permitirem que estas se coloquem ao largo. Incompetência ou conivência? Obviamente que se pode questionar se faz sentido a imposição fiscal oficial existente, mas o que faz menos sentido é o oficial ser apenas teórico. Ainda no campo da diferença entre a teoria e a prática, convém recordar aos que se lamentam de que só os ricos beneficiam desta facilidade, do dinheiro ao largo, tudo o que circula sem conta. Sim, a economia paralela do serviço sem fatura é apenas outra face da mesma moeda – o offshore dos pequeninos. No fim todos fogem aos injustos impostos e a justiça social é apenas uma ficção para ser contada às criancinhas antes de adormecerem.

Todos diferentes, todos iguais? Não necessariamente. Entre o canalizador e o ministro as obrigações legais são idênticas, mas as exigências éticas são superiores para o segundo. O Exemplo deve(ria) vir de cima.

Carlos J F Sampaio, Esposende

 

Canal do Panamá

A nossa zona económica exclusiva, tem uma dimensão equivalente a todo o território europeu, sendo que nós enquanto nação histórica, por sermos pioneiros nos descobrimentos, tendo um enorme potencial económico por explorar, sobretudo no que diz respeito ao aproveitamento dos recursos marinhos, bem como numa maior rentabilidade das nossas infra-estruturas portuárias.

Depois de ter havido uma data anterior para a abertura do renovado Canal do Panamá, este vai finalmente ser inaugurado a 26 de Julho de 2016, o que será uma mais-valia para o comercio mundial, em que o encurtamento de distâncias, pode não apenas proporcionar o aumento do tráfego marítimo, mas também agilizar as trocas comerciais.

Em 1578, em Alcácer Quibir, fomos derrotados pelos marroquinos, mas não deixámos de ser um povo conquistador, tendo Portugal uma voz no sector marítimo, continuamos a zarpar ao encontro de novos rumos, e estabelecendo novas rotas, pelo que a inauguração do renovado Canal do Panamá, deverá ser aproveitada como uma janela de oportunidades para rentabilizar os portos portugueses e fazer crescer a economia nacional, sendo a moderna estrutura portuária de Sines, uma das estruturas que poderá contribuir para esse crescimento.

Américo Lourenço, Sines

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