Cartas à Directora
Ainda os Paraísos Fiscais
O princípio da livre circulação de capitais, criado exatamente para incentivar os grandes negócios a uma escala global, e bem assim o princípio do secretismo têm favorecido a expansão dos paraísos fiscais e, na sua esteira, o envolvimento de individualidades e empresas de enormíssimo poder e influência.
Excetuando alguns artistas e desportistas recém-enriquecidos e talvez algo ingénuos, os políticos e empresários que transferem fortunas ou mesmo a sede das suas companhias para paraísos fiscais não têm a menor desculpa. Eles sabem o que estes são, conhecem a sua essência e têm a noção exata do que lucram fugindo a obrigações fiscais nos seus países e dos prejuízos que causam às respetivas economias. Em Portugal, nos últimos decénios, estima-se em
69 mil milhões de euros os capitais assim emigrados, o que daria praticamente para evitar o empréstimo externo contraído e todas as medidas de austeridade a que tivemos que nos sujeitar.
Mais, não ignoram os políticos e empresários o género de tráficos ilegais que se praticam com o dinheiro neles acumulado e de que auferem juros elevadíssimos.
São portanto cúmplices conscientes desses negócios escuros, contribuindo assim para toda uma longa série de crimes gravíssimos : negócios ilegais de armas, de estupefacientes, de prostituição em larga escala, alimentação de guerras civis e do terrorismo internacional.
Nenhuma legislação, por mais branda, pode perdoar essas cumplicidades.
António Catita, Lisboa
Agradar a "gregos e troianos"
Na crise económica que tem afectado a maioria da população neste últimos anos, com cortes nas pensões, salários, aumentos de impostos e redução do horário de trabalho na função pública, com a saída da Troika parecia que estaríamos a levantar a cabeça, no entanto este novo Governo de coligação, parece trazer algo mais, não só para satisfazer as exigências dos parceiros da governação, como também para agradar à população, vai repor as 35 horas semanais para a função pública. Mas esta onda de charme, poderá ter custos graves para o nosso futuro, como se depreende das declarações do ministro da saúde na tv de que a reposição das 35 horas semanais para a função pública, terá um acréscimo para as despesas do tesouro, de vinte e sete milhões de euros, só com despesas para enfermagem e assistentes operacionais. Então quanto custará ao povo estas simpatias, se extrapolarmos para as autarquias e restante administração pública?
Duarte Dias da Silva, Lisboa