Cartas à Directora

Por mim, prescindo!

Nascido no pós-guerra (II Guerra, claro), vivi os anos da "Guerra Fria", e também o terrorismo da ETA e do IRA. Nenhum dos acontecimentos, designadamente o terrorismo político, chegou ao ponto a que agora chegámos com o terrorismo islâmico. Antes os alvos eram militares ou paramilitares e as vítimas civis, apenas laterais. Hoje, ao contrário, os terroristas que matam em nome de Alá, procuram cobardemente apenas as vítimas civis, e nestas sem proteger velhos ou crianças. É a matança a esmo, quantas mais vítimas melhor para o seu Alá, segundo parece. Ou nos pomos de joelhos perante o seu Alá, ou como infiéis merecemos todos a morte imediata. Ora esta situação não pode permanecer muito tempo, sem consequências gravíssimas para as economias mundiais, e logo para o empobrecimento dos povos, sobretudo os mais carenciados. Os regimes de cariz totalitário, passarão a ser os mais procurados por turistas e viajantes e depois pelos investidores. É uma luta terrível entre quem luta com armas desiguais. Do nosso lado, uma sociedade organizada segundo o primado da Lei, e das liberdades, direitos e garantias dos cidadãos. Do outro, milhares de fanáticos muito organizados, dotados de incontáveis meios financeiros e militares, que recorrem inclusive ao suicídio, para explodirem e assassinarem múltiplas vítimas. Em guerra, não se podem limpar armas, e nós estamos a caminho do caos com os recentes acontecimentos pelo mundo fora, designadamente em Paris e Bruxelas, o coração da Europa civilizada. Organizem-se de imediato serviços adequados de informações, com agentes infiltrados e legisle-se para esta situação extraordinária, que requer medidas também extraordinárias. Por mim, para prevenir e combater este terrorismo sanguinário e fanático, prescindo desde já dos meus direitos e garantias legais. Prefiro isso a ter de viver numa cave qualquer encurralado, à espera que me abatam ou façam explodir.

Manuel Martins, Cascais

 

Geringonça para durar 4 anos

Todos sabem que uma “geringonça”, se for metálica, precisa de lubrificação para não enferrujar. Também já perceberam que nos referimos ao governo e aos partidos que o suportam. O PSD e CDS tudo têm feito para contaminar o óleo da dita “geri” com partículas corrosivas a fim de gripar o seu funcionamento. Felizmente até à data sem sucesso, mesmo com auxílio do precedente Presidente da República. Já antes de lhe terem criado tal nome pejorativo, julgaram poder derrubar uma tal coligação exótica e “contranatura” aos olhos deles. Ainda hoje não conseguem digerir a perda das eleições e que os partidos “pecadores” com pouca simpatia pela UE e pela NATO fazem parte do nosso Parlamento por eleição e têm o direito de apoiar o Governo que entenderem. O PS no governo apoiado nos partidos à sua esquerda tem condições para durar toda a legislatura, tanto mais que ninguém, e por mais forte razão os tais radicais, deseja surfar nova onda de austeridade. As boas relações entre PR e 1.º Ministro, o desejo de consensos do primeiro associado às faculdades diplomáticas do segundo, vêm confirmar a estabilidade do novo regime português. Tudo isto já a Comissão Europeia compreendeu e mesmo a Senhora Merkel, só a nossa direita, demasiada “boa aluna e casmurra”, teima em não aceitar. É melhor que se habitue a ser oposição pelo menos durante 4 anos.

Raul Fernandes, Porches

 

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