Cartas à Directora
RTP: A caminho dos 60
Comemoraram-se por estes dias os 59 anos de vida da primeira televisão que o país conheceu. Esteve só durante 35 gloriosos anos. As privadas surgiram em 1992 e, desde então, muito poucos, quase raros, os momentos de paz da televisão de serviço público. Desde essa data, e depois de muitos profissionais terem abandonado a RTP rumo à SIC, primeiro, e TVI, depois, as palavras de ordem têm sido, ao longo dos anos e em crescendo, de constante ataque e tentativa de rebaixamento e, nalguns casos até, de aniquilamento da empresa pública, com profetizações de falta de qualidade do produto oferecido e mimetismo em relação à oferta das privadas, e sendo assim não fazia sentido a sua existência pois os cidadãos já tinham outro tipo de ofertas, e melhores. Para quê então pagar-se uma televisão pública? Isso serve apenas para mais gastos públicos, neste momento via contribuição cidadã, e esbanjamento desnecessário. Ora, nada mais falso! O feed-back dos telespectadores da RTP destrói, por completo, essa ideia peregrina. O Telejornal continua a ter a preferência de cerca de 1 milhão de telespectadores todos os dias. O Preço Certo a mesma coisa. Se é serviço público? Para alguns, ditos puristas, não o é! Para mim, que entendo que a RTP deve ter um leque variado de registos para poder chegar a todo o tipo de pessoas, claro que é serviço público! Mas essa discussão daria pano para mangas. E o Got Talent Portugal não é serviço público? Para mim, é óbvio que sim! Claro que para alguns não é. Quando um programa chega e tem sucesso imediato, com audiências avassaladoras, que destrói a concorrência, esse programa suscita incómodos legítimos. Só que… aquele programa é cultura, criatividade, empenho, profissionalismo, de bom gosto, pode servir de exemplo, de referência. E o sucesso claro que incomoda. Se não tivesse audiência, podia lá estar que, continuando a ser o programa que é, para mim talvez o melhor programa da televisão portuguesa neste momento, ninguém se incomodava com ele. Posto isto, o anterior governo queria privatizar a RTP. Felizmente que por oposição do CDS não o fez. Neste exato momento, a RTP passa por um processo de renovação de programas, canais, imagem, profissionais. A ela ligado há mais de 30 anos, faço votos para que esta mudança traga ainda mais portugueses, de todas as idades e condição, para as suas ofertas de programas na área do entretenimento e da informação. Tenho a certeza que isso vai acontecer e é para isso que a RTP trabalha todos os dias. Porque a RTP é cada vez mais diferente daquilo que a SIC, a TVI e agora a CMTV, entre outros, oferecem. E é diferente porque é muito melhor! Daqui a um ano voltaremos a falar.
José Manuel Pina, Lisboa
Futebol electrónico
Lemos nos jornais que vão ser experimentados métodos electrónicos, com visualização imediata nos campos, para esclarecimento dos árbitros sobre faltas ou golos duvidosos. Isto é a morte do espectáculo, do "desafio de futebol". Já se imaginou um campo de futebol, cheio de furiosos de um clube e do outro, sem poderem levantarem-se todos, de uma parte das bancadas, e gritarem gooooooolo? Ou quando um jogador com a baliza escancarada, como no ultimo Sporting-Benfica, atira a bola por cima da trave e os mesmos adeptos gritaram hóooooooo? Ou quando o árbitro não marca penalty, ou anula um golo, e a multidão insultando a família do árbitro até à quarta geração, num grito ululante que se ouve até Cacilhas ou Gaia, " seu grande ................"? Nem matem o futebol, deixem que os jogadores errem à frente da baliza, que os guarda redes dêem frangos, que os jogadores dêem panadas uns nos outros e que a multidão possa ser espectáculo e gritar goooooooooolo.
Duarte Dias da Silva, Lisboa