Cartas à Directora
Porque não é justo
O governo confirma a distribuição gratuita generalizada dos manuais escolares, para já ao 1º ano do ensino básico. Esta medida, não sendo inédita, já é realizada por algumas autarquias, é injusta. O dinheiro que os vai pagar não sai de um poço de petróleo descoberto no Rossio. A despesa do Estado, incluindo esta, é fundamentalmente uma redistribuição dos impostos cobrados. Assim, uma família com 800 euros de rendimentos, eventualmente sem filhos em idade escolar, irá contribuir, através dos seus impostos diretos e indiretos, para que outra que ganha 8000 euros receba manuais grátis? Não me parece nada, mas mesmo nada, justo…!
Carlos J F Sampaio, Esposende
Porcos, leite, tecnologia e... mercado
Hoje (14/3) os produtores de leite saíram à rua para protestarem contra o baixo preço que lhes pagam pelo produto. Para além dos serviços do Estado, dirigiram-se às grandes superfícies de venda que, dizem, fazem dumping e importam leite de outros países. Há dias os protestos foram dos suinicultores, pelas mesmas razões e em tudo idênticos. Também hoje ouvi o ministro da Agricultura, Capoulas Santos , ao partir para uma reunião com os seus homónimos europeus, dizer que "faria tudo pelos dois grupos acima referidos, mas que iria ser muito difícil porque todos os seus colegas defendem o poder regulador do... mercado" (sic). E, embora pareça despropositado, também soube que as caixas de multibanco vão cair em desuso pois há umas pulseiras, e até um monograma aderente à roupa, que servem para fazer ligação à rede de pagamentos, em qualquer loja ou superfície aderente.
Produtores de leite e suinicultores protestando contra importações a mais de produtos tão prosaicos como o "leitinho e a boa febra"? Superfícies de venda a pagarem "tuta e meia" a quem os fornece? "Países amigos" da UE a vender mais barato para Portugal? Mas então só se pode exportar mas não importar? Se o mercado regula as trocas (como dizem os outros 27...) como se quer vender se não se quer comprar? Afinal se o "desenvolvimento tecnológico de felicidade" até nos permite pagar encostando uma manga do casaco à máquina!....
Há qualquer coisa nisto de muito estranho (ou talvez não...)! Talvez eu preferisse que os preços fossem justos e não impostos pelas 62 pessoas que mandam no mundo, ajudadas por tecnocratas que se realizam na feitura de máquinas que, mais que felicidade, trazem escravidão consentida pelo deslumbramento de ter uma pulseira "especial" que os faz parecer... modernos mas realmente... pobres quando lhes são sonegados pagamentos minimamente justos pelos seus produtos.
Fernando Cardoso Rodrigues, Porto
No Brasil a história pode mudar o rumo
A manifestação dos setores mais elitizados da população no domingo é o resultado de uma estratégia golpista, que teve início logo após o resultado da eleição de Dilma. Não é um fenômeno apenas brasileiro. Atinge outros países da América do Sul. São setores que representam a nova ordem mundial, mais concentradora da renda (mercado financeiro). O Brasil mais visado pela sua influência estratégica, principalmente no Brics. Mas cada país é cada país. O Brasil teve nesses 13 anos uma trajetória diferente dos demais. Lula, um líder operário inédito na história mundial, fez e faz a diferença. A história pode escrever diferente das metas das elites.
Antonio Negrão de Sá, Copacabana, RJ