Cartas à Directora
Uma questão de identidade
A galeria de arte 'Tintos & Tintas', com sede em Lisboa, viu-se recentemente envolvida numa polémica que não procurou. Por isso, considera ser seu dever prestar alguns esclarecimentos.
Em devido tempo, a ' Tintos & Tintas' comunicou à Fundação Francisco Manuel dos Santos a sua intenção de não acolher a apresentação do livro “Alentejo prometido”, da autoria de Henrique Raposo.
Como acreditamos ser óbvio para todos, a base da decisão não radicou em qualquer pressuposto apriorístico sobre o autor ou sequer relativo ao livro “Alentejo prometido” , cujo conteúdo era, aliás, desconhecido à data. A razão dessa decisão assentou, antes, na constatação de que as mensagens veiculadas pelo autor não respeitavam o quadro de valores que inspiram e definem a identidade desta galeria.
Sendo a arte o interesse e a preocupação centrais da 'Tintos & Tintas', não estão naturalmente em causa a tolerância ou a liberdade criativa, de expressão, opinião ou pensamento. Todavia, tal não significa que, no respeito e na defesa desses valores, não possa esta entidade, de natureza privada, decidir sobre os projetos aos quais se associa e aos quais associa a sua marca.
João Saião Lopes, Lisboa
Brexit
A partir de agora, os ingleses podem fazer o que lhes apetecer no seio da União Europeia. Quando lhes chamarem a atenção por alguma “coisinha”, vão ameaçar referendo/saída e pronto! Se a moda pega, os outros membros poderosos da União vão começar a reclamar “estatutos especiais” por tudo e por nada. Acho bem e também acho que esse direito de reivindicação devia ser rotativo, como a presidência. Quando chegar a vez de nós, os portugueses, “exigirmos” a bagatela de flexibilizar uma décima do nosso déficit orçamental, estou mesmo a ver a resposta, se calhar unânime: “A porta da rua é a serventia da casa”, dirão os dedos em riste. E, para que não haja dúvidas, ouvir-se-á um coro (algumas vozes sairão envergonhadamente sussurradas): “Rua. Rua, que é a sala dos cães” (não nos chamaram já PIGS?). Mais uma vez se comprova que a TINA é um embuste. Há sempre alternativas, como os ingleses nos acabam de mostrar. Se é só para os grandes, isso já não sei, mas há. E, como tudo cabe na conversa, uma pergunta inocente: caso os britânicos se mantenham na União, quem paga a alternativa que lhes oferecemos? É que, como tudo na vida, estas coisas têm custos…
José A. Rodrigues, Vila Nova de Gaia