Cartas à Directora

Marcelo

A sua eleição foi consensual. Assim o diz a maioria absoluta que o elegeu e a grande abstenção notada iria muito provavelmente aumentar ainda mais a sua vantagem, caso tivesse sido menor.

Algumas vozes esboçaram reservas à sua eleição referindo que foi a televisão que a ganhou. Mas isso não deveria ser uma crítica… Deveria ser algo louvável.

Louvável porque as ultimas eleições têm sido ganhas devido a demagogia, desgaste de governos, meias verdades e até mesmo mentiras. Começando na segunda eleição de José Sócrates baseada em mentiras descaradas contra a verdade crua de Manuela Ferreira Leite, passando pela eleição pouco eufórica de Passos Coelho, originada mais pelo abismo causado por Sócrates do que por qualquer proposta por si efetuada. Pelo meio tivemos eleições europeias em que se discutiu política nacional ao invés dos assuntos que estavam de facto a ir às urnas. 

Deixo de fora as autárquicas que apesar de tudo têm dado exemplo de eleições fora do sistema e muitas vezes com bons resultados. (Veja-se o Porto com Rui Moreira).

Desta vez elegeu-se um candidato sem ser pelo discurso do momento. Toda a gente o conhecia e ouvia há anos, toda a gente ouviu as contradições inerentes a qualquer comentador político, toda a gente escrutinou, desmentiu e julgou as suas opiniões. Mas ao invés de o desgastar, deu-lhe a maioria absoluta numa campanha em que dispensou partidos e promessas vãs.

É também de elogiar ter sido o único candidato que parecia perceber qual a posição para a qual estava a ser eleito e a responsabilidade que realmente requeria. O único que se lembra que tanto será presidente com a esquerda como com a direita. O único que falou como alguém supra partido e não como se fosse candidato a primeiro-ministro.

Isto é de louvar.

Vivemos um tempo em que parece ser errado concordar com algumas coisas que a direita diz e com outras que a esquerda refere. Ou estás comigo ou contra mim, é a palavra de ordem no país.

Será possível hoje dizer à esquerda que nem tudo o que o anterior governo tenha feito está errado? Será possível hoje dizer à direita que nem tudo o que a esquerda diz é populista? Será possível ser um moderado sem ser atacado de forma cega, ignorante e demagógica como revelam muitas intervenções de importantes deputados?

Marcelo apesar de tudo consegue-o ser. E neste cargo não-executivo, terá a grande missão de pelas palavras e pelo exemplo mostrar que este país pode andar para a frente pela força da razão e não por mero momentum politico.

Bem-vindo e boa sorte.

Carlos M Ramos, Grijó

 

O que se espera do novo...

...Presidente da República. (…) Não vale a pena neste texto, gastar linhas, com o passado político e profissional, do novo Presidente, é mais que conhecido. Vou sim, pedir ao Professor Marcelo, que defenda acima de tudo o nosso povo, o que não aconteceu infelizmente com o seu antecessor.  Na minha opinião, Marcelo Rebelo de Sousa, reúne, até prova em contrário, todas as condições, para ser um Presidente, no seu estilo de personalidade... completamente diferente dos últimos Chefes de Estado. Mas aqui lhe faço um pedido: saia, por favor dos seus gabinetes do Palácio de Belém, e venha para a rua, ouvir e escutar as pessoas. Se for caso disso,  com o actual governo, ou outro, seja firme, e defenda sempre os mais pobres e idosos, o povo. Por último, Senhor Professor Dr. Marcelo Rebelo de Sousa,  esqueça por favor a sua Presidência no PSD, de Março de 1996 a Maio de 1999, é que o seu antecessor, nunca se esqueceu...

Tomaz Albuquerque, Lisboa

 

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