Cartas à Directora
Em defesa da Genomnose
Considerando que a ida a este Parlamento progressista da eutanásia vai ser tiro e queda, não importando muito se fica bem redigido ou não, o importante é o título, precisaremos de nova causa fracturante para continuar a luta.
Causas comuns que provoquem alinhamento de esforços, desenvolvimento sustentado e harmonia social não interessam muito, não ajudam ao “processo”. A lenha arde melhor depois de rachada. A dicotomia é a mãe da revolução, entre nós os progressistas modernos (neo-socialistas?) e os outros, reaccionários, conservadores (neoliberais?).
Face à necessidade imperiosa de encontrar novas causas que dividam o nosso trigo do outro joio, lembrei-me de lançar a genomnose. A ser traduzida por extenso seria mistura completa dos géneros. Sabemos que entre homem e mulher não há nem deve haver diferença, desde que as cuecas sejam suficientemente opacas, condição fácil de cumprir, em geral. De recordar que o argumento de o ambiente das conversas com um pai ser diferente do das conversas com uma mãe é um mito reaccionário (neoliberal?). Assim, não há nenhuma razão para o Estado obrigar o cidadão a especificar o seu género no seu relacionamento com a administração. Deverá, portanto, ser suprimida a abusiva e redutora casinha M/F de todo os formulários e documentos em vigor.
Causas como a corrupção que gangrena a sociedade e os seus valores, o trabalho infantil no mundo e a condição feminina em tantas paragens, não digo que não, mas não são suficientemente fracturantes. É muito mais impactante atirar um tema polémico para a arena e ver o pessoal todo à pancada, acompanhado de um estrepitoso coro de insultos da assistência. E veremos quem é mais forte! O facto de não existir discussão fundamentada e reflectida (e educada) até é positivo. Isso reduziria a fracturação.
Carlos J F Sampaio, Esposende
O pesadelo
O caso da menina chinesa de 5 anos que caiu do 21º andar é o pesadelo de qualquer mãe e de qualquer pai. Aconteceu nesta família. Podia ter acontecido mesmo que os seus pais estivessem em casa. Num minuto as crianças estão fora do nosso alcance. Mas ela estava sozinha. Não se percebe a “descontracção”, a irresponsabilidade, a insensatez - que outros substantivos atribuir ?- , daqueles pais que a deixam sozinha, com apenas 5 anos, para saírem de casa sem ela? Não interessa onde.
Este caso lembra o caso de Maddie na praia da Luz, 2007... Os pais da menina inglesa deixaram os 3 filhos em casa e foram jantar fora com amigos...
Os pais não “andam” sempre com o coração nas mãos quando não têm os seus filhos por perto? Onde os possam ver e ouvir?
Imagino o horror daqueles pais quando chegaram a casa e não estava na cama, nem no sofá... Ela já não respondeu nem estava em lado “nenhum”...
A varanda não é segura... “A vigilância não chega”, alerta a presidente da APSI, mas a menina chinesa não teve ninguém a vigiar, como era suposto...
Ser pai e mãe tem um “mas”. Sofrer com um pesadelo como este: ficar sem um filho, com ou sem culpa.
Céu Mota, Stª Maria da Feira