Cartas à Directora

Autonomia do Banco de Portugal?

É sabido que a actual autonomia do BdP (Banco de Portugal) foi muito limitada pela sua integração no SEBC (Sistema Europeu de Bancos Centrais). Outrora completamente independente para estabelecer a sua política monetária, a nossa integração no Euromercado e a adopção do Euro como moeda, diminuíram fortemente a autonomia do BdP como regulador do sistema financeiro. Muitas vezes não compreendemos ou aceitamos actuações do BdP, quando no fundo o seu Conselho de Administração está "amarrado" a regras do SEBC a que não pode fugir, sob pena de gravosas consequências para si próprio e para Portugal. Chegados aqui, é mister comentar as recentes públicas críticas do PM à estratégia do BdP face aos chamados "lesados do GES-BES". Nunca no nosso País um chefe de governo havia ousado criticar o BdP. Não certamente por falta de vontade ou até razão objectiva, mas pela sacrossanta estabilidade do sistema financeiro. Dir-se-á então que se tratou de um lapso, inconsciência ou incompetência do PM? Certamente que não! António Costa (AC) é um político muito experimentado, e nunca por nunca cometeria em público um erro destes. No meu modesto ver, trata-se apenas de uma concepção socialista do Estado e as suas instituições. A chamada "direita" política, acredita piamente nos mercados e promete que o Estado intervenha o mínimo possível nas empresas e instituições. Nos órgãos de supervisão e regulação, então este rigor terá de ser ainda mais assertivo. Os socialistas, ao contrário, acham que o Estado tudo deve regular e cuidar, desde o nosso nascimento até á nossa morte. Neste caso vertente, AC, mesmo que quisesse ou tivesse de intervir, nunca o deveria ter feito em público, pelos óbvios prejuízos que trouxe para a imagem e credibilidade do BdP. 

Manuel Martins, Cascais

 

Em tempos de crise, uma foto à la minuta servia

Quando soube que a ex-presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, tinha encomendado um quadro para figurar na Galeria dos Presidentes daquele órgão de soberania, estendi que, por estar perante uma tradição e um direito, não poderia de forma alguma criticar tal gesto. No entanto, sabendo que o quadro irá ter um custo de 15.000 euros, e apesar de desconhecer o valor dos anteriores, entendo ser uma exorbitância mesmo num país que se dá ao luxo em não ter limites para estes casos, embora tenha para a saúde, para as reformas e outros direitos entretanto usurpados. Penso até que Assunção esteve ausente e nem deu conta da actual situação financeira que o país atravessa, consequência, por mero exemplo, de reformas dadas a jovens com apenas 42 anos de idade e dez de serviço. Por outro lado, lamento que com tantos e bons pintores retratistas nacionais, tenha recorrido a uma estrangeira, freira por devoção e que eu sempre pensei serem exímias com a colher de pau na confecção de doces conventuais, esta, pelos vistos, também se ajeita com telas e pincéis. Ao menos, que consiga um milagre e que aquela galeria fique mais bela, agora com uma figura feminina.

Jorge Morais, Porto

 

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