Cartas à Directora
Mariana – o Óbvio e a Demagogia
Sou dos muitos portugueses que reconhecem em Mariana Mortágua (MM) inteligência e boa formação técnica só que, à semelhança de Francisco Louçã, cai no paradoxo subjacente a uma “formação burguesa” e uma ideologia marxista (leninista?), resultando deste paradoxo o único output possível - a Demagogia!
O Óbvio – MM parece “descobrir” só agora aquilo que qualquer macroeconomista aprende nos primeiros tempos da faculdade, ou seja que em Finanças Públicas lidamos permanentemente com Abstrações!
Mesmo as Estatísticas do INE sofrem de Abstrações da realidade uma vez que são aplicadas simplificações e utilizados ponderadores (ex. empresas com atividades em várias CAE, mas onde só a principal é determinante para a estatística), ainda que em muito menor escala!
MM faz um exercício interessante com o modelo subjacente ao Deficit Estrutural (DE) mas ao criticá-lo da forma que o faz, não faz mais do que criticar a própria essência dos modelos econométricos que por definição são abstrações da realidade!
A Demagogia – qualquer modelo é suscetível de críticas, uma vez que são assumidos pressupostos que nem sempre são consensuais. Quem não viu na imprensa discussões sobre os célebres “multiplicadores” de Centeno? Pode-se questionar legitimamente como foram esses multiplicadores calculados pois trata-se de um exercício difícil, normalmente suportado em modelos (abstrações) econométricos complexos, nem sempre ao alcance do cidadão comum! Curiosamente, sobre a “discricionariedade” destes não vi MM pronunciar-se!
Concluir que o DE serve para “controlar politicamente os orçamentos nacionais …. consoante a cor, direção e poder do governo em causa” é Demagógico porque i) nada no texto que escreve prova essa relação nem a Comissão é um ente abstrato e muito menos representante de uma única ideologia ii) ninguém no seu perfeito juízo está a ver o Eurostat (*) a veicular posições ideológicas!
A não ser que MM se esteja a referir a uma Abstração bem real, que é a de um Governo de Extrema-Esquerda socialista vir a governar um País da EU e aí sim, o modelo que se aplica a uma economia de mercado não é compatível com um modelo de economia planificada, por mais nuances que existam nesta!
Nota (*) – MM é a primeira a descredibilizar a sua tese ao reconhecer que esta instituição é a única a ter as aplicações informáticas (“rotinas” como Mariana as chama) que suportam o modelo para o cálculo do DE!
Luis Novais Reis, Lisboa
O quinteto maravilha de Braga
Acerca do quinteto maravilha de Braga, acabamos agora de saber que um anjo serafim, esperto até mais nim, afirmou a pés juntos e suas asas levantadas aos céus que “estou absolutamente convencido da inocência de Vítor Sousa e de Cândida Serapicos, em todas estas situações relacionadas com os Transportes Urbanos de Braga”.
Todos estes diáfanos anjos – serafins e querubins -, que deambulam pelos céus de Portugal, afirmam sempre com toda a confiança e solenidade que “estão de consciência tranquila e só esperam que a justiça terrena faça o que lhe compete”. Ámen
José Amaral, VNGaia