Cartas à Directora
Por favor, educação e seriedade
É frequente registarem-se divergências entre as promessas das campanhas eleitorais e a realidade da governação posterior, originando muita discussão e argumentação, em geral dentro dum certo respeito formal pelos princípios e, pelo menos aparentemente, sob bases racionais.
Isto mudou, em grande parte, por iniciativa e responsabilidade do PS, fruto do seu posicionamento eleitoral excessivamente irrealista de anunciar ir “acabar com a austeridade”, graças a uns pozinhos de perlimpimpim, que gerariam crescimento. Se compararmos o proposto pelo PS em Setembro com o que se vislumbra neste Orçamento de Estado, de onde já desapareceram muitos desses pozinhos supostamente catalisadores, a diferença é abismal (exceto para funcionários públicos).
Surge então um discurso que, em vez de rebater racionalmente as críticas, passa para um registo da básica traulitada. O PR, membro de um gangue, tem é que aprovar e calar. Os críticos atuais (se calharam até tendo razão...) são uns “Vasconcelos”. Não se defenestram fisicamente, mas atirar pela sanita abaixo as suas opiniões é um louvável ato higiénico. As dúvidas técnicas internas e externas são de uns neoliberais, todos vendidos ao inimigo.
Cresce assim mais um défice, o de atitude: falta de respeito pelas opiniões diversas e recusa em analisar objetivamente o fundo das questões. A verdadeira democracia não é assim e é com tristeza que assisto a esta regressão (mais um “re”).
Entretanto, continuamos a precisar de estender a mão para cumprir os compromissos do Estado, mas não temos lições a aprender de ninguém. Ainda não “reproclamamos” as virtudes do “orgulhosamente sós”, mas já faltou mais. E da Grécia, ninguém fala…
Carlos J F Sampaio, Esposende
Cidade-museu
O conceito não é novo. Transformar uma cidade com muitos monumentos numa cidade-museu. E, contudo, assume um aspeto distinto dos demais. Pela História que envolve. Pelos percalços que ao longo do tempo se sucederam. Pelo seu lado simbólico. E pelo facto de a totalidade dos monumentos locais serem portugueses.
Deste modo, em janeiro de 2016, a Associação cultural local "Além Guadiana", fundada em 2008, dá mais um passo no sentido da recuperação cultural, linguística e histórica da região de que é oriunda: propõe a transformação de Olivença em "Cidade-Museu", uma cidade aberta à cultura. Tudo isto culmina um processo que já conheceu alguns pontos altos, mesmo surpreendentes, como, por exemplo, a colocação dos antigos nomes portugueses em 74 ruas (2011), a organização de vários festivais de Lusofonia, um Congresso sobre o papel de Olivença nos Descobrimentos Portugueses, um plano para preservar o uso (e a aprendizagem contínua) do Português no território, e outras atividades... sem esquecer a aquisição de nacionalidade portuguesa por parte de centenas de oliventinos, em número crescente, desde dezembro de 2015. Sempre, note-se, sem abordar problemas de soberania.
Por tudo isto, esta ideia merece ser divulgada. A Cultura Portuguesa e a Lusofonia em geral assim o exigem.
Carlos Luna, Estremoz