Cartas à Directora

Um homem+500 km= 1 voto

Eu acredito, sinceramente acredito, que a ideia de tornar presencial o voto para as presidenciais no caso dos portugueses residentes no estrangeiro tenha tido por trás boas intenções, inclusive de esquerda. Mas depois da supressão de vários consulados no período agudo da crise, aquilo que já dava trabalho— chegar às mesas de voto de um consulado ou embaixada quando não se vive numa cidade com consulado — tornou-se mesmo surrealista. Um cidadão que resida em Rennes (é o meu caso), no noroeste da França,  e esteja recenseado em Nantes tem de fazer 250 quilómetros para ir votar numa terceira cidade, no caso Tours. São 500 de ida e volta. Vivo numa cidade, estou registado noutra e tenho de ir votar a uma terceira ainda mais longe, e onde é mais complicado ir do que a Paris. Ainda bem que não vivo em Brest (seriam 1000 kms ida e volta). Há votos baratos, em Paris, Lyon, Bordéus ou Tours, e votos estupidamente caros, em que ir votar releva da militância (ou do absurdo, c'est selon). Obrigadinho ao MNE, que decidiu isto. Se quisessem promover a abstenção deliberadamente, não conseguiriam fazer melhor. Mais valia retirarem o direito de voto aos emigrantes, sempre haveria igualdade.

André Belo, Rennes, França

 

Dúvida, engano e crença

Ao contrário do mais alto magistrado da nação, tenho muitas dúvidas e engano-me várias vezes. Tenho dúvidas sobre a capacidade de Carlos Costa continuar como governador do Banco de Portugal. Tenho dúvidas na capacidade de Mário Centeno em levar a bom porto a “barca dos sete lemes” das contas públicas. Multiplico dúvidas sobre a erradicação da pobreza em Portugal! Enganei-me quando acreditei nas promessas dos partidos do arco da governação em cumprir a Constituição. Duvido das reais intenções da Rússia e da Turquia no efectivo combate ao DAESH. Tenho as maiores dúvidas, nas reais intenções dos responsáveis do programa nuclear iraniano. Acredito na arte fantástica e visionária de Dali, Bosch, Goya e Piranesi. Tenho a maior certeza no futuro da humanidade. Mas para isso é preciso lutar pela solidariedade entre todos os povos do mundo! Hannah Arendt escreveu” :a democracia só pode funcionar com um povo educado para a democracia”.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

 

Eleições Presidenciais

Se é verdade que Marcelo já disse que não disse o que tinha dito, também é verdade que Sampaio da Nóvoa precisa de dizer um pouco mais do que até agora já disse. É neste disse que disse ou não disse que a eleição presidencial vai ocorrer. Todavia uma coisa é certa: não podemos andar sempre a incentivar a sociedade civil a participar nos actos cívicos e, simultaneamente, sempre que aparece alguém fora do sistema partidário tentar cortar-lhe de imediato as pernas, dizendo que não tem experiência partidária ou política. Se é indiscutível que os partidos são importantíssimos para a vida política portuguesa, não é menos verdade que a sociedade civil tem também uma papel de elevada importância nesse mesmo contexto.

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

 

O PÚBLICO ERROU

Vasco Cordeiro recebeu o candidato Sampaio da Nóvoa institucionalmente, enquanto Presidente do Governo Regional dos Açores, como já tinha recebido a candidata Maria de Belém, e não enquanto apoiante como, por lapso, o PÚBLICO escreveu na edição de terça-feira. Aos leitores e aos visados, as nossas desculpas.

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