Cartas à Directora
Colocando chumbo na asa
Continuo sem perceber esta embirração contra a privatização da TAP. Se fosse com a ANA, ainda podia tentar entender. Não é nada prático ir apanhar um voo a Badajoz ou a Vigo…
Aqueles que defendem o caráter estratégico da companhia para a diáspora e a ligação aos PALOP/CPLP deveriam atentar ao que se passa com o grande avião da Royal Air Maroc que todos os dias voa entre Lisboa e Casablanca. Leva muita gente e uma grande parte dos viajantes segue depois viagem para destinos também servidos pela TAP, muito especialmente Angola. Aqueles que fazem contas à vida não privilegiam os voos diretos e, se se justificar, não se importam de fazer escala em Casablanca, Madrid, Paris, etc.
O Estado já provou não saber gerir a empresa. É difícil imaginar que, depois de a retomar, ela passará a ser rentável, sendo que ao reverter o contrato já assinado mais custos se acrescentam.
Um primeiro-ministro de um Estado de Direito anunciar que vai recuperar a empresa com ou sem acordo, é algo estranho. Vai expropriar? Vai montar um assédio fiscal e legal dissuasor? Além de estranho é também assustador. Mais do que nunca precisamos de quem invista, de quem acredite no país. Ter um governo com estes tiques autoritários e ameaçadores, invocando um poder discricionário terceiro-mundista não ajuda mesmo nada.
Carlos J F Sampaio, Esposende
Sucessão no CDS
Paulo Portas deixa uma herança pesada aos potenciais candidatos à liderança do CDS, e caso se mantenha no “activo” ameaça ser um fantasma a pairar durante vários anos na mente de muitos responsáveis do partido. Dentro do grupo restrito de potenciais sucessores, a sua maioria é constituída por fiéis apoiantes do antigo líder, embora se encontre, pelo menos um que manifestou sempre alguma oposição ao seu legado, que é o caso de Filipe Anacoreta Correia. Dentro dos eventuais candidatos, destacam-se Assunção Cristas, Nuno Melo e Filipe Mota Soares. Assunção Cristas capitalizou muito apoio junto de eleitorado, ao longo da última legislatura. Mostrando-se uma figura séria e acessível, de diálogo fácil marcou pela presença no terreno e pelo desempenho positivo desenvolvido no seu ministério e conta com experiência executiva. Porém, Nuno Melo eurodeputado, apresenta-se um candidato igualmente forte, com um espírito jovial, um discurso atractivo e sendo bastante popular, possui a vantagem de ter um controlo superior ao de Assunção Cristas junto das bases do partido. Por sua vez, Pedro Mota Soares mostrou ser um elemento honesto e leal ao partido, embora colocado numa pasta particularmente complicada no último executivo, viu a sua figura junto do público desgastada, o que lhe dificulta a vida numa possível candidatura à liderança do partido. Assim sendo, parece-me que deste grupo restrito sairá o próximo líder do CDS, embora possa ainda surgir alguma surpresa vinda da “velha” guarda do partido (Ribeiro e Castro), da actual bancada parlamentar (João Almeida, Cecília Meireles ou Nuno Magalhães) ou da oposição a Paulo Portas (Filipe Anacoreta Correia).
João António do Poço Ramos, Póvoa de Varzim