Cartas à Directora

Adeus à PaF

A PaF acabou. Foi Pedro Passos Coelho quem anunciou a amigos e família o triste acontecimento. Falta esclarecer como terá ele comunicado a notícia ao seu best friend Paulo Portas, se por carta, se por SMS, se por outra via qualquer; ou se terão decidido por mútuo acordo pôr fim à geringonça. Seja como for, a coligação, que tanto prometeu, foi ao tapete sem honra nem glória, acabando os seus dias em pose de Calimero, incapaz de aceitar com galhardia a derrota parlamentar que lhe foi imposta, de forma irrevogável, pelo habilidoso António Costa e respectivos compagnons de route.

Do XIX Governo Constitucional, que esteve na origem da PàF ficam, para a Pequena História de Portugal, certos figurões, liderados à partida pelo ex-doutor Miguel Relvas, ou o patético guião para a Reforma do Estado escrevinhado por Paulo Portas. Ficam também o desconhecimento de Passos Coelho relativo às dívidas à Segurança Social que acumulou ao longo de vários anos ou o arquivamento do caso dos submarinos por não se encontrarem nem culpa nem culpados. Ficam o “caso BES” e a confiança cega de Cavaco Silva na honra e na palavra dos seus amigos banqueiros que lhe ofereceram alguns bombons que o governante não cuspiu nem recusou. Fica, em suma, a memória de um grupo de personagens cuja vocação é, exclusivamente, o exercício do poder e que conseguiu ainda gerir a governação de Portugal durante 29 dias, equilibrados numa estranha maquineta, o XX Governo Constitucional.

A PaF acabou sem deixar grandes saudades à maioria da população. Decerto muitas negociatas ficaram a meio do caminho, outras precipitaram-se vertiginosamente, aproveitando cada minuto da PaF nas rédeas do poder. Passos Coelho, Portas e Cavaco conseguiram arruinar, ainda mais, a ruinosa imagem que o povo português já tinha da Política e dos políticos. Agora cada um vai à sua vidinha. Passos e Portas regressam à condição de líderes de exércitos um tanto esfarrapados, cujos elementos, roucos de tanto berrarem contra a legitimidade do novo governo, andam um pouco desorientados por não saberem com clareza o que pensar ou defender. Uma vez fora do poder, a maioria dos acólitos fica órfã de ideais. A PaF já não é nada.

Rui Silvares, Cova da Piedade

 

Afinal vamos ter aumentos...

...de 1 euro. O "virar da página da austeridade", arrancou na semana passada com o anúncio da reposição de salários na Função Pública, eliminação parcial da sobretaxa de IRS, aumento do salário mínimo, actualização do Abono de Família, RSI, Complemento Solidário para Idosos, e descongelamento de Pensões. Não sei se me esqueci, deste "virar de página"...mas no caso da Pensão Mínima, de 262 euros por mês, o aumento será de 1,048 euros, no da Pensão Rural, de 241 euros por mês, o aumento será de 96 cêntimos, e no da Pensão Social de 201 euros por mês, o aumento, será de 80 cêntimos! Durante os últimos anos do "Governo da Austeridade" critiquei severamente, os doutores, Passos Coelho, Paulo Portas, Victor Gaspar e doutora Maria Luís Albuquerque. Senhor Primeiro-ministro, doutor António Costa, continuarei a fazê-lo, se o seu Governo insistir com aumentos de um euro para os mais carenciados, pois o apregoado objectivo de combater as desigualdades e reduzir a pobreza, obviamente, não se concretizará, e não foi isso, que V.Exª., prometeu aos portugueses.

Tomaz Albuquerque, Lisboa

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