Cartas à Directora

O sistema Bancário é um problema de Estado

O sistema financeiro nacional enfrenta graves problemas de liquidez e sobretudo de capital que dificilmente poderão ser resolvidos sem a intervenção estatal. Para além dos já conhecidos casos do BPN, BPP e BES, esta semana ficamos a saber que o BANIF está numa situação de pré-falência com o valor das suas acções muito próximo do zero e com um passivo bastante superior aos activos, ou seja, fortemente alavancado. Num futuro próximo, também se prevê o surgimento de problemas no BCP, a “braços” com potenciais perdas vindas da Polónia. O BPI e o Montepio estão igualmente numa situação bastante frágil, necessitando de melhorar os seus rácios de capital. Num cenário destes, dificilmente o sistema financeiro estará em condições de apoiar o tecido empresarial nacional e contribuir para o crescimento e prosperidade da economia. Por este motivo, justifica-se uma intervenção ampla e sobretudo profunda do governo no sector bancário, no sentido de avaliar as sua reais necessidades de capital e os seus problemas, criando em conjunto com a União Europeia e o BCE um pacote de apoios às instituições, com a disponibilização de uma linha urgentes de recapitalização/financiamento. Além disso, sugerem-se também algumas alterações aos mecanismos de supervisão, controlo e auditoria do Banco de Portugal, reforçando as suas competências.

Sem uma intervenção deste género, estaremos condenados, a acarretar durante os próximos anos com as perdas e a falência do sistema bancário nacional, com consequências não só para o orçamento de estado, mas também para a economia como um todo.  

João António do Poço Ramos, Póvoa de Varzim

 

Jobs, Trump e Banksy

Se não fosse ele, teria sido outro. Mas foi ele, o precocemente malogrado Steve Jobs, quem deu vida à Apple, e isso ninguém o esquecerá nunca. Esquecido pela História, esse sim, há-de ser o inigualável Donald Trump que, se não fosse tão desavergonhadamente rico, seria um palhaço, sem ofender a classe circense, que me merece o maior dos respeitos. Qual a ligação entre eles? Nenhuma, felizmente. Aliás, a existir, poderia ter sido bem trágica, caso esse Trump tivesse satisfeito a sua desmedida ambição e, quem sabe, ter conseguido arrastar atrás de si um Partido Republicano que, às vezes, desvaria no chá das cinco, no alienado Party a que dá guarida. Quem se lembra da “impossibilidade” de nomeação de George W. Bush, no início das primárias americanas, já não descarta realidades improváveis. A questão é que, sob a “batuta” de Trump, nunca  o Steve “Apple” Jobs teria nascido nos USA, pela simples razão de que o seu pai biológico, sírio, não teria lá entrado, por imposição de uma “trumpice” qualquer, avessa a imigrantes muçulmanos, mesmo que não praticantes. E lá ficariam os USA e o mundo ocidental privados de um talento dificilmente igualável. Alegremo-nos, pois, por outros talentos brilhantes, como o de Banksy, que, em arte polémica, eterniza (?), na “selva” de Calais, com perecíveis sprays, um daqueles Grandes que, por obras valerosas, da lei da Morte já se libertaram.

José A. Rodrigues, Vila Nova de Gaia  

 

 

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