Tupperware fecha fábrica em Constância e manda 200 pessoas para o desemprego

Unidade fabril no distrito de Santarém vai encerrar a 8 de Janeiro de 2025. Autarca lamenta desfecho e frisa a importância que tinha para o emprego no concelho. Marca será vendida nos EUA.

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A fábrica de Montalvo dependia 100% da casa-mãe Tupperware nos EUA, que entrou em insolvência Miguel Manso (Arquivo)
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A fábrica da Tupperware instalada em Montalvo, Constância (Santarém), vai encerrar a 8 de Janeiro de 2025 e despedir os cerca de 200 trabalhadores, informou o presidente da autarquia, nesta sexta-feira.

"A Câmara Municipal de Constância tomou conhecimento de que no dia de ontem [quinta-feira] foi comunicado aos trabalhadores da empresa que a mesma encerrará a 8 de Janeiro de 2025. Face a esta situação difícil para o nosso concelho e para a nossa região, deixamos uma palavra de solidariedade a todos os trabalhadores e respectivas famílias", lê-se numa mensagem escrita deixada pelo autarca Sérgio Oliveira (PS), na página oficial do município.

A fábrica da multinacional Tupperware em Portugal, a funcionar desde 1980, dependia a 100% da casa-mãe norte-americana. O anúncio do pedido de declaração de insolvência teve consequências directas na unidade portuguesa, deixando no desemprego os 200 trabalhadores que ali eram efectivos.

"Ontem [quinta-feira] decorreu uma reunião com os trabalhadores da Tupperware em que foi comunicado pelos responsáveis que a fábrica só estará a laborar até 8 de Janeiro. Será o último dia e os 200 trabalhadores que lá estão serão despedidos", disse à Lusa o autarca.

Tendo feito notar que "a câmara municipal e os seus serviços estão disponíveis para apoiar os trabalhadores dentro daquilo que for possível", Sérgio Oliveira disse ter sido "surpreendido" com o anúncio do fecho da fábrica e que tinha expectativas noutro desfecho.

uma notícia triste para o concelho e para toda a região. A Tupperware, ao longo destes anos, tem tido um papel muito importante no número de postos de trabalho, directos e indirectos", lamentou.

Diversos partidos políticos e dirigentes sindicais manifestaram ao longo dos últimos meses preocupação com a incerteza sobre o futuro daquela unidade fabril, tendo criticado a "falta de informação" sobre o processo de falência da multinacional.

Ricardo Rodrigues, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas (SITE-CSRA), declarou à Lusa que "o encerramento da Tupperware, caso se concretizasse, significaria um drama para as centenas de trabalhadores" e "seria igualmente desastroso para o concelho de Constância, para a região e para o país", tendo defendido que o problema "deve merecer a maior atenção e tomada de medidas por parte do Estado e, em particular, do Governo".

No dia 25 de Setembro, em comunicado, o presidente da Câmara de Constância havia indicado que o vice-presidente da Tupperware Europa disse não saber o futuro da empresa, que estava "em fase de negociação com os investidores" e a "trabalhar para criar uma estratégia para que empresa seja mais atractiva". Acrescentou ainda ter sido informado de que "pararam a produção na Tupperware Portugal, Bélgica e África do Sul, porque têm muito stock".

Em 18 de Setembro, a Lusa solicitou esclarecimentos por escrito à empresa, não tendo obtido resposta até ao momento.

A Tupperware Brands iniciou voluntariamente o processo no Tribunal de Falências de Delaware, e terá conseguido em Outubro a aprovação do tribunal para continuar a laborar e facilitar um processo de venda para proteger a marca.

Ao abrigo do Capítulo 11 da lei de falências dos EUA, as empresas em situação de insolvência ficam protegidas dos credores, permitindo-lhes preparar um processo de reestruturação com vista à sua sobrevivência. Faz parte da lei das falências dos EUA e tem um fim análogo aos processos de recuperação ou de revitalização previstos na lei portuguesa para ajudar empresas a sair de uma situação financeira difícil.

Segundo a agência noticiosa AP, um juiz de falências dos EUA aprovou a venda da Tupperware Brands, abrindo caminho a que a empresa saia da protecção do Capítulo 11 e continue a oferecer os seus produtos enquanto passa por uma reestruturação.

A venda estava ainda sujeita a condições de fecho do negócio. Segundo os termos do acordo, um grupo de credores está a comprar a marca Tupperware e vários activos operacionais por 23,5 milhões de dólares em dinheiro e mais de 63 milhões de dólares em redução da dívida.

A Tupperware concordou com a aquisição do credor em Outubro, e disse que espera operar como The New Tupperware Co. após a conclusão do negócio.