Ucrânia lança ofensiva na região russa de Kursk
Ministério da Defesa russo admite “contra-ataque” do “inimigo” no Sudoeste do país. “Rússia está a ter o que merece”, diz o chefe de gabinete de Zelensky, falando em “boas notícias”.
As Forças Armadas da Ucrânia lançaram uma nova ofensiva militar na região russa de Kursk, confirmou este domingo o Ministério da Defesa da Federação Russa, através de um comunicado publicado na rede social Telegram.
Sem confirmar ou desmentir o Kremlin, Andrii Iermak, chefe de gabinete de Volodymyr Zelensky, Presidente ucraniano, celebrou as “boas notícias” e disse que “a Rússia está a ter o que merece”.
Invadida em Agosto por soldados ucranianos, numa operação surpresa em resposta à invasão em grande escala da Ucrânia, que ocorre desde Fevereiro de 2022, Kursk vinha sendo reconquistada nos últimos meses pelas forças de Moscovo, com o apoio de soldados e de armas da Coreia do Norte, segundo as autoridades ucranianas, norte-americanas e sul-coreanas.
Em Novembro, uma fonte militar ucraniana assumiu, em declarações à Reuters, que a Ucrânia já tinha perdido mais de 40% do território conquistado à Rússia naquela região do Sudoeste do país, junto à fronteira ucraniana.
No seu comunicado, o Ministério da Defesa diz que “o inimigo lançou um contra-ataque” por volta das 9h (hora de Moscovo) deste domingo, com um “destacamento de assalto constituído por dois tanques, um veículo ‘lagarta’ e 12 veículos blindados de combate.”
O ministério diz que o “contra-ataque” teve como objectivo “travar a ofensiva das tropas russas na direcção de Kursk [cidade]”, mas garante que a “artilharia” e a Força Aérea da Rússia repeliram com sucesso dois ataques.
Vários bloggers militares russos, citados pela Reuters e pela BBC, dão mais pormenores, explicando que a ofensiva ucraniana foi levada a cabo a partir da cidade russa de Sudzha e que teve como alvos as localidades de Berdin e de Bolshoi Soldatskoi, situadas na região centro do oblast (província) de Kursk.
Também através do Telegram, Andrii Kovalenko, chefe do organismo ucraniano contra a desinformação disse, por sua vez, que “os russos em Kursk estão a sentir grande ansiedade porque foram atacados em várias direcções e apanhados de surpresa”. Mas não deu mais detalhes sobre os ataques.
Com as informações disponíveis, não é possível perceber se se trata de uma ofensiva de grande escala por parte da Ucrânia ou de um ataque isolado perto da linha da frente na região de Kursk.
À excepção da reconquista russa daquela zona do país, as restantes linhas da frente do conflito não têm sofrido grandes alterações nos últimos meses, nomeadamente as da região leste da Ucrânia, ocupada, em parte, pelas forças russas.
Tanto russos como ucranianos (como europeus, entre outros) aguardam com expectativa a tomada de posse de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos, agendada para o dia 20, para perceberam com o que é que as Forças Armadas vão contar, em termos de apoio financeiro, militar e diplomático norte-americano, nos próximos meses de guerra.
Sem explicar como, o Presidente eleito dos EUA insiste que vai acabar com a guerra na Ucrânia “rapidamente”. Mas os seus críticos receiam que Trump queira forçar Zelenksy a avançar para negociações de paz com o Kremlin, mesmo que isso implique cedências de território ucraniano à Rússia – cenário que tanto Kiev, como Joe Biden, como os principais líderes da União Europeia rejeitam totalmente.