Porque “os animais não são prendas” há autarquias a suspender adopções durante o Natal

Os canis de Braga, Porto, Matosinhos, Famalicão, Tomar ou Viana do Castelo foram alguns dos que já anunciaram que as adopções retomam no início de 2025.

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Porque "os animais não são prendas" há autarquias a suspender adopções durante o Natal Rui Gaudêncio
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O aviso repete-se a cada ano: "Os animais de companhia não são presentes de Natal". Para o reforçar, várias as câmaras municipais suspendem ou limitam as adopções de cães e gatos dos Centros de Recolha Oficial de Animais (CRO) durante a quadra festiva — e este ano voltou a acontecer.

No início de Dezembro, a autarquia de Braga anunciou que as adopções dos animais do canil estão suspensas até ao dia 5 de Janeiro para evitar decisões impulsivas e, consequentemente, abandono ou devolução dos mesmos.

“A quadra natalícia é tradicionalmente associada a gestos simbólicos de oferecer presentes, no entanto, a adopção de um animal deve ser uma decisão ponderada e responsável, considerando que implica um compromisso de longo prazo com o bem-estar e os cuidados do animal adoptado”, lê-se no comunicado publicado no site da autarquia.

Do lado das associações, no entanto, há quem não concorde. A Animalife não acredita que proibir as adopções no Natal resolva o abandono animal.

Citado pelo Jornal de Notícias, o presidente Rodrigo Livreira acredita que o Natal pode ser a oportunidade de muitos cães e gatos terem tutores responsáveis e lares definitivos. No entanto, reforça que os processos devem ser cuidadosamente analisados para garantir que a decisão de receber um animal não é precipitada.

Além do CRO de Braga, também o Centro de Recolha Oficial de Animais do Porto (CROA) impediu adopções até 6 de Janeiro. No site, o canil recorda que a decisão de ter um animal só deve avançar se os tutores tiverem condições financeiras, tempo e disponibilidade.

As visitas para 2025 devem ser agendadas previamente por telefone (228349490) ou por email (sprcanil@cm-porto.pt).

O CROAM, em Matosinhos, e os canis de Viana do Castelo, Tomar, Famalicão, São João da Madeira, Alpiarça, em Santarém, e Sobral de Monte de Agraço, em Lisboa, também suspenderam as adopções durante as festas, escreve o JN. No entanto, reforçam nas redes sociais, é permitido visitar os animais.

Segundo o mesmo jornal, a Câmara Municipal de Sobral e Monte de Agraço proíbe as adopções no Natal desde 2012.

Noutras autarquias, como Vila Franca de Xira ou Loulé, é possível adoptar cães e gatos no final do ano, mas os animais só são entregues aos futuros donos em Janeiro. Coimbra e Lousã seguem o mesmo registo, contudo, os pedidos são filtrados com especial atenção para garantir que nenhum animal será oferecido como presente.

Como noticiou o P3 em Maio, os dados do primeiro Censo Nacional de Animais Errantes revelaram que em Portugal há quase um milhão de animais errantes, entre os quais 830.541 gatos e 101.015 cães.

De acordo com o relatório anual do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), os números do abandono animal aumentaram 7,5% em 2023 em relação ao ano anterior. No ano passado, os canis receberam 45.162 animais abandonados. Lisboa e Figueira da Foz, com 1.451, foram os municípios que resgataram mais animais da rua. Santo Tirso, com 1052, vem a seguir.

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